quinta-feira, 19 de abril de 2012

A realidade da vida em um “Coração que sangra”



Benê Cantelli, autor de "Coração que sangra" Foto: Eduarda Rosa
Eduarda Rosa
"Coração que sangra", essa é o título do recém lançado livro do professor Benê Cantelli. Ao chegar à redação para a entrevista, vi um jovem senhor alegre e simpático, daí me veio a pergunta, por que do nome deste livro? Ele como bom professor logo introduziu a entrevista com a frase de sua autoria: “Nós somos o que as circunstâncias nos levam a ser”. A partir deste momento começou um gratificante diálogo, no qual a repórter que vos escreve ficou emocionada, sentiu arrepios e ao mesmo tempo maravilhada com as poesias declamadas e histórias contadas pelo professor Benê.

O professor diz que esse livro é resultado de momentos de dor, afinal a vida é feita mais de perdas do que de vitórias, “todos os dias perdemos algo, podendo ser a vitalidade ou a memória”. E são nos momentos de dor, segundo ele, em que as melhores produções acontecem, “foi o que aconteceu comigo devido a morte de minha filha, separação da minha mulher  e morte da minha mãe, em 15 dias escrevi este livro”.
A poesia que intitula o livro vem de uma frase de José Saramago “Se o teu coração é de ferro bom proveito, o meu é de carne e sangue e sangra todos os dias”, Benê diz que se o autor o conhecesse, teria certeza de que a frase fora feita para ele (risos).
Dentre os vários poemas declamados, em certo momento ele recita o mais curto, o que homenageia sua filha:
Benê lança novo livro. Foto: Eduarda Rosa
GRATIDÃO
(Em homenagem a Dayane Regina)
Até no que perdi,/ tenho a agradecer. / Na pior perda senti, / que não perdi o que era meu.
Ele estava pedindo de volta,/ o que me deu, /Por um tempo.
Me deixou ver,/ o que era seu. /Me deixou sentir, / o gosto de um amor, / Sem limite.
Único. / Polivalente./ Limpo./ Puro./ Seu./ Igual./Mas... Não era meu./ Era seu.
Além de perdas, dor e amor, os poemas falam de situações da vida, como um Bem-Te-Vi que virou seu ‘amigo’, a morte de uma cachorrinha ou uma silenciosa e fria noite, em que não conseguiu dormir.
Ao lembrar um pouco de sua vida, disse que aos 14 anos tentou lançar o primeiro livro, “o homem da editora até gostou do livro, mas falou para eu ler mais e viver mais, para depois escrever, e como eu ia ser padre, ia ter tempo para isso”, mas ao sair do seminário conta em tom humorístico que “a ideia do livro foi morrendo e nasceram sete filhos”, e só depois das perdas que teve, foi que o professor resolveu voltar à ideia de produzir um livro, pois como ele mesmo cita “são nas tempestades que se conhecem os bons marujos!”.
Comenta também que começou a ser escritor sem querer e quando lê ou escuta suas próprias poesias não acredita ter escrito-as, “são momentos de emoção e inspiração pura, não sei como as escrevi!”.
Termina a entrevista relembrando da mesma frase do início “nós somos o que as circunstância nos levam a ser”, e finaliza “são os tombos violentos da vida que nos fazem ter mais fé, mas como dói ter fé!”.
Benê Cantelli
É autor do livro de crônicas, “Nos piores momentos os melhores encontros”, de 2009; “Coração que Sangra” lançado no último dia 23/03 e ainda em de maio deste ano será lançado o “Eco do Silêncio”, uma coletânea de artigos.
Formação acadêmica
Curso de Filosofia Pura: Monastério de La Vid (Burgos) – Espanha.
Curso de Teologia (incompleto): Monastério de El Escorial – Espanha.
Curso de Complementação em Estudos Pedagógicos – Universidade de Mogi das Cruzes – São Paulo.


Originalmente publicado em: http://www.douradosnews.com.br/especiais/entrevistas/coracao-que-sangra-revela-os-segredos-e-as-dores-de-uma-perda

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