sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Idosos buscam alfabetização para incluir-se no mundo pós-moderno

Por: Eduarda Rosa


Em pleno século XXI ninguém quer ficar de fora do acesso as tecnologias, inclusive os idosos. Imagine então ser analfabeto em meio a um turbilhão informações ao seu redor... Foi por conta deste contexto que uma pesquisadora da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) descobriu que muitos idosos, que não tiveram a oportunidade de aprender a ler e escrever, estão procurando a Educação de Jovens e Adultos (EJA) para poder entrar neste mundo pós-moderno.

A pesquisa de mestrado da acadêmica da UEMS, de Paranaíba, Silvana Cosmo Dias, intitulada “A Formação Identitária do Sujeito Idoso: Memória e Letramento”, orientada pela professora Drª. Silvane Aparecida de Freitas, revela que os idosos estão interessados em aprender a ler não só para ir ao supermercado e  realizar leituras na igreja, mas também para dominar o sistema de informação virtual nos caixas eletrônicos dos bancos e viajar, enfim, serem ativos na sociedade contemporânea.
Isto se deve a melhoria das condições de vida das pessoas, que contribuiu para o envelhecimento da população. De acordo com as Nações Unidas (Fundo de Populações), em 2012, uma em cada nove pessoas no mundo tem 60 anos ou mais, e estima-se um crescimento para um em cada cinco por volta de 2050.


Histórias de vida

Durante a realização do trabalho, foi selecionada a entrevista de três idosos, duas mulheres e um homem que não tiveram seus nomes divulgados. Elas, de 65 anos, moradoras antigas na região de Santa Fé do Sul, São Paulo, não tiveram oportunidade de estudar antes, pois residiram grande parte de suas vidas em fazendas. Já o homem, de 60 anos, morava em Cassilândia, também não havia tido chance de estudar, mas, motivado a renovar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) foi para a sala de aula.

Ao contarem suas histórias, os três idosos entraram em contradição, pois disseram que a vida foi boa sem estudo, mas que sem estudo não era bom viver. Segundo a pesquisadora, esta contradição revela a necessidade de garantir o próprio equilíbrio, pois eles têm em si o discurso de que, sem estudo, não são completos na sociedade atual.

Observou-se na investigação que a ausência do saber ler é definida por uma relação de poder, no qual o conhecimento implica na capacidade do sujeito tomar decisões no cotidiano com autonomia e liberdade. O idoso iletrado acaba se vendo como um expectador da vida, incapaz, excluído e incompleto.

De acordo com Silvana Cosmo Dias, “o idoso está  como expectador de um mundo marcado pelo exagero da informação que o atrai, o entusiasma e provoca o deslumbramento pelo domínio da linguagem escrita. Assim, ele é tomado pelo desejo de completar-se por meio da escrita, que, de certa forma, produz efeito de sentido de contemplação do mundo ‘letrado’, porém vazio de significados”.

A análise também apontou que a velhice, por si só, traz a exclusão social  e a alfabetização é vista como uma forma de incluir os que antes  não conseguiam decifrar as palavras.


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