terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Psicopedagoga, Luciane Sperafico, explica sobre dificuldades de aprendizagem



Psicopedagoga, Luciane Zanchi Sperafico
 Eduarda Rosa
Com o inicio das aulas, pais e professores começam a enfrentar alguns problemas com as crianças, uma delas é a dificuldade de aprendizado. A Psicopedagoga, Especialista em Educação Especial, Luciane Zanchi Sperafico, em entrevista ao Dourados News explica o que é e como lidar com esses obstáculos.
Ddos News: O que são as dificuldades de aprendizagem?
Luciane : As dificuldades de aprendizagem podem ser consideradas de duas formas:

• Dificuldades Escolares (DE) que podem ter como causas, as falhas no processo de alfabetização, inadequação do método pedagógico aos estilos e características de aprendizagem do aluno, excesso de mudanças de escolas, problemas escolares diversos (na dinâmica escolar), além de poderem ser resultantes de condições neurológicas diversas (epilepsia, paralisia cerebral e outros quadros neurológicos), deficiências em geral (física, mental, auditiva, visual, múltipla) e psicossociais (problemas na dinâmica familiar, estimulação inadequada e outros problemas sociais). É evidente que tais condições não são determinantes para que uma criança apresente uma dificuldade de aprendizagem, no entanto, irão influenciar o processo de aprendizagem.
• Distúrbios de Aprendizagem (DA) caracterizados por uma disfunção no Sistema Nervoso Central e decorrentes de uma falha no processamento das informações. Desse modo, a criança recebe adequadamente as informações do meio externo (visuais, auditivas e cinestésicas), porém há uma falha na integração, processamento e armazenamento dessas informações resultando em problemas na "saída" das informações sejam pela escrita, leitura ou cálculo.
O diagnóstico dos Distúrbios de Aprendizagem deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar formada por profissionais das áreas: Psicologia/Neuropsicologia, Fonoaudiologia, Psicopedagogia, Neurologia e Psiquiatria, uma vez que o quadro pode ser acompanhado por alterações em funções diversas que comprometem a aprendizagem da criança ou jovem.
 
Ddos News: Quais são as dificuldades de aprendizagem mais comuns?
Luciane : As queixas relatadas pelos professores com maior incidência sobre o aluno que não aprende são:
→ Falta de atenção;
→ Dificuldade na leitura e na escrita;
→ Dificuldade na matemática;
→ Dificuldade nos processos de pensamento;
→ Dificuldade nas atitudes de trabalho
Dentre os Distúrbios de Aprendizagem, atualmente o que mais tem sido discutido e abordado é a Dislexia, Disgrafia, Discalculia e TDAH.
DISLEXIA:
A Dislexia caracteriza-se por uma dificuldade na área da leitura, escrita e soletração. A dislexia costuma ser identificada nas salas de aula durante a alfabetização sendo comum provocar uma defasagem inicial de aprendizado.
DISGRAFIA:
Falha na aquisição da escrita; implica uma inabilidade ou diminuição no desenvolvimento da escrita, é também chamada de letra feia.
Atinge de 5 a 10% da população escolar e pode ser dos seguintes tipos: Disgrafia do pré-escolar; construção de frases; ortográfica e gramatical; caligrafia e espacialidade.
DISCALCULIA:
Falha na aquisição da capacidade e na habilidade de lidar com conceitos e símbolos matemáticos. Basicamente, a dificuldade está no reconhecimento do número e do raciocínio matemático. Atinge de 5 a 6% da população com DA e envolvem dificuldades na percepção, memória, abstração, leitura, funcionamento motor; não entendem enunciado dos problemas nem a seqüência lógica.
TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade):
O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e freqüentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade.
Características: Não consegue prestar muita atenção a detalhes ou comete erros por descuido nos trabalhos da escola ou tarefas; tem dificuldade para organizar tarefas e atividades; distrai-se com estímulos externos; mexe com as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira; interrompe os outros ou se intromete (p.ex. mete-se nas conversas / jogos).
 
Dificuldades de aprendizagem derrubam a auto-estima e promovem dificuldades de relacionamento
Ddos News: Essas dificuldades podem interferir na vida da criança?
Luciane: As dificuldades de aprendizagem constituem o principal desafio para os educadores. O fracasso escolar atinge as crianças em desenvolvimento, derrubam sua auto-estima, promovem dificuldades de relacionamento, distúrbios de comportamento e a marginalização daqueles que não se adaptam a regras sociais que não o reconhecem como sujeito em processo de aprendizagem.
Do enorme contingente de crianças com fracasso escolar, apenas uma minúscula fração consegue ser encaminhada a um recurso que permita compreender suas dificuldades, para obter algum atendimento a respeito da dificuldade que apresenta.
O diagnóstico precoce do distúrbio de aprendizagem é fundamental para a superação da dificuldade. Desta forma se verifica a área mais comprometida e se encaminha para a abordagem terapêutica mais adequada.
Ddos News: Essas dificuldades são provocadas por quais fatores?
Luciane : Sabemos que existem vários fatores que afetam a cognição, como por exemplo:
Fatores Emocionais que invadem os processos de pensamento (ansiedade, insegurança...); Orgânicos ( baixa visão/ audição...);
Neurológicos ( lesão cerebral...);
Comportamentais ( TDAH, Asperger...);
Sindrômicos e muitos outros, os quais dificultam o diagnóstico, impedindo assim, que se faça uma intervenção precisa e eficaz.
Por este motivo, é importante que se faça um trabalho em equipe, onde médicos, psicólogos, fonoaudiólogos, psicopedagogos, especialistas em Educação Especial, cada um em sua área, lançam mão de suas técnicas e conhecimentos específicos, a fim de oferecer um diagnóstico preciso, para que se faça uma intervenção apropriada para cada caso.
Quanto mais cedo qualquer distúrbio e/ou dificuldade de aprendizagem for percebida, maior a chance de iniciar o tratamento e alcançar êxito satisfatório no processo cognitivo e consequentemente, na aprendizagem.
 
A ajuda da família é fundamental no tratamento
Ddos News: Existem tratamentos?
Luciane : Torna-se necessário orientar aluno, família e professor, para que juntos, possam buscar formas para lidar com alunos/filhos, que apresentam dificuldades e/ou que fogem ao padrão, buscando a intervenção de um profissional especializado. Algumas vezes, recomenda-se psicoterapia individual ou em família. Os medicamentos podem ser receitados pelo médico para algumas patologias quando necessário.
É importante reforçar a confiança da criança consigo mesma, tão vital para um desenvolvimento saudável.
Ddos News: Como os pais e professores podem detectar?
Luciane: A identificação precoce das Dificuldades de Aprendizagem no ensino pré-primário, ou mesmo antes, constitui, portanto, uma das estratégias preventivas mais importantes para a redução e minimização dos seus efeitos, pois, neste período crítico de desenvolvimento, a plasticidade neuronal é maior, o que quer dizer que os efeitos de uma intervenção compensatória e em tempo útil podem ter conseqüências muito positivas nas aprendizagens posteriores.
Para se desenvolverem estratégias preventivas temos que considerar para além dos educadores e dos professores, os próprios pais, pois como conhecem muito bem os seus filhos, podem notar neles padrões de desenvolvimento diferentes, mesmo no seio da mesma família.
Os pais, por exemplo: podem notar que um dos seus filhos tem mais dificuldades em dominar o alfabeto que outro, ou que tem mais relutância para aprender a ler ou é mais distraído e descoordenado. As preocupações dos pais a respeito destas questões devem ser seriamente consideradas, pois, na sua observação diária e na sua reflexão não profissional, podem evocar sinais muito importantes para organizar uma avaliação dinâmica do potencial de aprendizagem dos seus filhos.
 
É necessário prestar atenção nos sinais de dificuldades das crianças
Os sinais mais importantes que devem ser observados durante os primeiros anos de escolaridade no Ensino Fundamental são:
• esquecimento;
• dificuldades de expressão lingüística;
• inversão de letras (escrita do nome em espelho);
• dificuldades em relembrar as letras do alfabeto;
• dificuldades em recuperar a seqüência das letras do alfabeto;
• dificuldades psicomotoras (tonicidade, postura, lateralidade, somatognosia, estruturação e organização do espaço e do tempo, ritmo, praxia global e fina, lentidão nas auto-suficiências);
• dificuldades nas aquisições básicas de atenção, concentração, interação e imitação;
• confusão com pares de palavras que soam iguais (por exemplo: nó-só; tua - lua, vaca-faca; etc.);
• dificuldade em nomear rapidamente objetos e imagens;
• dificuldades em reconhecer e identificar sons iniciais e finais de palavras simples;
• dificuldades em juntar sons (fonemas) para formar palavras simples;
• dificuldades em completar palavras e frases simples;
• dificuldades em memorizar e reproduzir números, sílabas, palavras, frases, pequenas histórias, lengalengas, etc.
• relutância em ir à escola e em aprender a ler;
• sinais de desinteresse e de desmotivação pelas tarefas escolares;
• dificuldade em aprender palavras novas;
• dificuldades em identificar e nomear rapidamente letras e sílabas;
• dificuldades grafomotoras (na cópia, na escrita, no colorir e no recortar de letras);
• dificuldades com sons de letras (problemas de compreensão fonológica);
• memória fraca;
• dificuldades psicomotoras;
• perda freqüente e desorganização sistemática dos materiais escolares, etc.
 
Os pais deve ficar atentos se as dificuldades persistem em outras fases.
Os sinais mais importantes que devem ser observados no fim do 1ºCiclo de Escolaridade:
• continua a evidenciar todas as dificuldades acima referidas;
• problemas de comportamento e de motivação pelas atividades escolares;
• frustração e fraca auto-estima;
• problemas de estudo e de organização;
• fracas funções cognitivas de atenção, processamento e planificação;
• fraco aproveitamento escolar;
• pode evidenciar habilidades fora dos conteúdos escolares;
• dificuldades em concluir os trabalhos de casa;
• hábitos de leitura, de escrita e de estudo muito vagos;
• fraco conhecimento global;
• mais tempo para terminar testes ou avaliações escritas;
Todos estes sinais são facilmente identificáveis por pais, professores e pelo profissional, razão pela qual devem trabalhar em conjunto, pois a sua permanente interação e comunicação pode encontrar vias alternativas de suporte e de apoio psicopedagógico, com a finalidade de oferecer um diagnóstico preciso, para que se faça uma intervenção apropriada para cada caso.
Em suma, cabe aos professores e profissionais da escola, além, é claro, dos familiares, acompanharem o crescimento e o desenvolvimento de suas crianças e jovens, ao menor sinal de problema de aprendizagem, procurar verificar as causas e consultar um profissional.

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