segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

O que Getúlio Vargas representa para Dourados?

Eduarda Rosa


Estátua de Vargas em Dourados - foto: Eduarda Rosa
Presidente do Brasil por dois períodos, 1930/45 e 1951/54, Getúlio cometeu suicídio em 1954, "para sair da vida e entrar para a história". Mas o que esse presidente, que administrou o Brasil tão longe da pequena Dourados, do início da década de 40, influenciou na história do município?

A estátua de Getúlio Vargas, que está entre as Avenidas Joaquim Teixeira Alves e Presidente Vargas, é uma das homenagens ao presidente que trouxe à região da grande Dourados o crescimento através da implantação da Colônia Agrícola Federal de Dourados (Cand), em 28 de outubro de 1943.
Segundo pesquisa realizada pelo jornalista e estudioso no assunto, Cláudio Xavier, “o objetivo principal da criação da Colônia Agrícola está preso na ideia, do até então do presidente Getulio Vargas, de fixar o agricultor como pequeno proprietário. Também, objetivou a elevação do nível de vida, da saúde, educação e preparação técnica dos habitantes da zona rural”.
Porém, devido aos acontecimentos da época, outros afirmam que Vargas atentou para o monopólio da exploração da erva-mate, sob o domínio da Cia. Mate Laranjeira. “Devido à influência na região, os sócios da exploradora já estavam intervindo, sobremaneira, na política de Mato Grosso, o que preocupava o governo federal. E ainda, tinha intenção de povoar este sertão, colonizar a região, como prevenção a uma nova investida paraguaia”, de acordo com pesquisa de Xavier.
Carminda e João Marques (foto em comemoração ao 50 anos da Colonia, em 1993)- Arquivo da Família
Carminda Fernandes da Silva e seu esposo João Marques da Silva, já falecido, ganharam um dos aproximadamente, 8.800 lotes, da considerada, até hoje como maior área de reforma agrária do País.
Hoje, aos 89 anos, Carminda conta que se não fosse esse pedaço de terra sua vida e de sua família seria de muita pobreza, pois naquela época ninguém tinha nada. “Foi depois da distribuição de terras e a chegada de pessoas do nordeste e também dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina que Dourados começou a crescer. Naquela época só tinham 20 casas em Dourados, nós colhíamos o feijão e tínhamos que jogar fora, porque não tinha para quem vender” ressaltou.
Carminda ainda relata que no início as dificuldades foram muitas, o desmatamento teve que ser feito todo no machado e a assistência que o governo mandava não chegava até os colonos. “Sem essa ajuda, que não chegava, levamos 10 anos para arrumar bem nosso sítio, construir uma casa segura, arrumar o pasto, comprar umas vaquinhas”, lembra.
A Colônia Agrícola Nacional de Dourados proporcionou crescimento para a cidade e criação de municípios, distritos e vilas, entre eles Fátima do Sul, Jateí, Glória de Dourados, Deodápolis, Angélica, Guaçu (Guassu), Panambi, Indápolis e Vila Vargas.

Cruzeiro

O monumento que marca a implantação da Colônia Agrícola é o “cruzeiro”, cravado entre a vila São Pedro e Indápolis, em 1944 e restaurado pelo Departamento de Cultura da Funced, em 1993. A prefeitura atual está com um projeto de implantar um museu no local, com resgate da história de colonização da região, onde serão expostos objetos, documentos, venda de artesanatos e ainda, comercialização de comidas típicas da região.

Monumento ao Colono

Outro símbolo da cidade, que representa essa época é o “Monumento ao Colono”, entregue em 1992, conhecido por muitos como ‘Mão do Braz’. A representação dessa obra, segundo pesquisa da acadêmica Fernanda Chaves de Andrade, “ é feita através de braços e mãos em concreto, saindo do chão, como que retirando o que a terra produz e erguendo o desenvolvimento futuro representado, por suas lâminas de concreto, que tem a forma de triângulo no vértice”.
Fernanda Andrade relata que, “no monumento está representado a topografia da Colônia e as vilas, distritos e cidades que resultaram dela, bem como um mapa caracterizando a dimensão geográfica da Colônia. Ele não homenageia somente um herói, mas os heróis coletivos e anônimos – os colonos”.

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