quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Professora da UEMS participa de análise da auditoria sobre barragem de Mariana

Por: Eduarda Rosa | Postado em: 16/12/2015
A professora da UEMS Kelly Vieira auxilia na avaliação das auditorias
A professora da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), Kelly Regina Ibarrola Vieira, é uma entre os dez analistas ambientais escolhidos no Brasil para analisar os laudos ambientais feitos antes e depois do rompimento da barragem de Mariana, em Minas Gerais. Uma das maiores tragédias ambientais já ocorridas no mundo.  Kelly, que também é egressa da Universidade, é a única de Mato Grosso do Sul a participar da equipe.
De acordo com Kelly Vieira, o papel do grupo de profissionais é analisar se nas fiscalizações anteriores foram aplicadas as medidas para minimizar os impactos e recomendações legais, além de entender o impacto e buscar medidas para o risco deste tipo de impacto seja diminuído, principalmente, nos rios do país. Em janeiro está marcada uma viagem para que a docente e os outros analistas visitem Mariana e os locais afetados pela lama da barragem.

“Uma preocupação é tentar entender as causas do problema para que as famílias possam receber a indenização o mais rápido possível. Não posso dizer muito sobre o trabalho, mas antes da tragédia não havia problema aparente, como consta no pré-laudo. O que reforça a hipótese que, o que aconteceu foram questões de risco ambiental inerente quando se faz mineração”, disse.
Mineração
No processo da mineração, segundo a professora, é preciso fazer uma lavra a céu aberto, ou seja, são feitas as barragens para que os resíduos do minério e água fiquem contidos. Estas barragens são construídas em degraus, e quando este espaço vai se enchendo é preciso construir outro degrau a cima.
“A de Mariana estava indo para o terceiro degrau. O problema é que já estava operando em quase 90% da sua capacidade.  A empresa já estava construindo outra, mas não deu tempo, um terremoto no Peru, sentido em menor proporção na região da tragédia, pode ter provocado ondas sísmicas que poderiam ter provocado um efeito de ‘tsunami’, provocando uma enorme onda de lama desses rejeitos. Mais isso ainda é uma das hipóteses sobre o que aconteceu lá”, explicou Kelly Vieira.
Barragem se rompeu no dia 5 de novembro - Foto: Hugo Cordeiro/Photograph/Nitro/Folhapress

Danos
A docente, graduada em Biologia na UEMS, também ressaltou que o impacto no rio foi tão grande que em algumas partes não terá como ser remediado, pois a lama matou toda a fauna, flora, os leitos do rio, além de acabar com a oxigenação da água.
“O impacto não é só no Rio Doce, mas em toda a bacia hidrográfica. O que vemos hoje é pontual, mas ao longo dos anos poderá ser visto o impacto ao longo de toda a Bacia, afetará, provavelmente, outros rios das regiões ao entorno do estado de Minas Gerais– aquela região de divisas, então se tem um efeito cascata do impacto. Além da parte ambiental também existe o lado socioeconômico: das pessoas que foram atingidas, de cidades turísticas, de pontos turísticos, abastecimento hídrico e muito mais”.
Esta lama que se espalhou, fez e fará ainda muitos danos, pois nela pode conter substâncias tóxicas, que são totalmente nocivas ao meio ambiente e a saúde. “As pessoas que estão expostas a estes tipos de rejeitos têm que ser monitoradas, para saber se não vão ter algum tipo de problema de saúde. O problema maior destes rejeitos é que eles ficam muito tempo no meio ambiente, permanecendo ativos. A lama não baixa, porque é pastosa, então os lugares cobertos pela lama ficam mortos, os acessos a estes lugares são totalmente restritos”. 
Barragens no Mato Grosso Do Sul
A atividade de mineração também é realizada no estado e também tem barragens em Corumbá, mais precisamente na região do Pantanal, por isto as autoridades já enviaram equipes até lá para diagnosticar se há problemas.
“A partir do momento que se tem uma barragem, já existe risco ambiental. É claro que são situações e situações. O que tem que ser feito são medidas para que o impacto não aconteça, para que o rompimento da barragem não aconteça, como o de Mariana. Porque isto já aconteceu outras vezes, contudo não foi na proporção que em Mariana. Por isto que existe a preocupação de entender o que aconteceu para que medidas sejam realizadas para evitar novos impactos como o que ocorreu em Mariana”, finalizou.

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