quarta-feira, 7 de maio de 2014

Quase ‘ignorados’ pela população, em sete anos orelhões diminuem em 28% em Dourados

Seguindo tendência nacional, Dourados perde quase 1/3 dos telefones públicos

 
Os orelhões diminuiram na cidade -  Foto: Ademir AlmeidaOs orelhões diminuiram na cidade - Foto: Ademir Almeida
Eduarda Rosa
Em época em que sair de casa sem celular é como sair sem roupa, os orelhões passam despercebidos e são praticamente ‘ignorados’ pelas pessoas que caminham apressadas falando ao celular ou enviando mensagens de textos.
Em 10 anos, o Brasil perdeu um terço dos telefones públicos, Se em 2004 eles somavam 1,3 milhão de aparelhos, hoje, existem 875 mil, segundo levantamento feito pelo G1 com base nos dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
No Mato Grosso do Sul o cenário não é diferente, em 2012 existiam 12.315 orelhões; já em 2014, 10.829. Em Dourados a realidade é praticamente a mesma do país.

Dados divulgados pela operadora responsável a pedido do Dourados News mostram que em 2007 haviam 1.115 orelhões na cidade, caindo em 2012 para 1.049 e 800 em 2014, ou seja, uma diminuição de mais de 28% nos telefones públicos da cidade em sete anos.
 
Há anos Osvaldo Ajala Silva não utilizava o telefone público - Foto: Ademir AlmeidaHá anos Osvaldo Ajala Silva não utilizava o telefone público - Foto: Ademir Almeida
O cozinheiro, Osvaldo Ajala Silva, há deixou de usar o orelhão, mas não teve outra opção quando a bateria do celular acabou. “Esse ano foi a primeira vez que usei o orelhão, mas fazia muito tempo [que não usava]. Hoje é bem pouco utilizado pelas pessoas. Mas quando eu não tinha celular nem telefone em casa, na época da ficha e cartão, usava diariamente o orelhão, eram 15 a 20 fichas por dia, acabava muito rápido; já o cartão era um cartão para quase uma semana; hoje fiz um plano para o celular e pago R$100 por mês”, contou.
Osvaldo Silva teve que fazer a ligação a cobrar, pois não sabe onde são vendidos os cartões. Contudo, mesmo onde os créditos para orelhões são comercializados a procura é pouca, “há 10 anos vendia mais de 50 cartões por mês, hoje pego 10 e não vendo tudo”, lembrou a dona de uma mercearia, Izabel Silva Moura.
A proprietária de uma lanchonete, Oziele Girrelli, disse que há dois anos parou de vender cartões para orelhão, “mesmo assim uma ou duas pessoas por semana passam procurando, mas percebo que são mais pessoas de fora da cidade, para fazer ligação interurbana”.
Dona  Izabel Silva Moura guarda uma ficha de recordação - Foto: Ademir AlmeidaDona Izabel Silva Moura guarda uma ficha de recordação - Foto: Ademir Almeida
A dona da mercearia também relembra que as épocas em que mais vendiam eram as das fichas, porém, acredita, que hoje os telefones públicos são esquecidos, “o orelhão em frente a minha mercearia já foi depredado por vândalos várias vezes e há 15 dias aconteceu a mesma coisa, a parte de cima caiu e está aí...”, disse.
Em outros pontos da cidade também é possível ver o descaso com os telefones públicos que foram pichados e até arrancados. Alguns que eram ‘atração turística’ por estar em uma escultura de um animal da fauna sul-mato-grossense, também foram tirados, um exemplo é a arara do Parque dos Ipês, que o telefone foi tirado e no local está apenas a estatua.
Todavia, o motorista, Antônio Marcos Silva Lima, é contra esta opinião e diz que os orelhões são importantes e estão fazendo falta na cidade.
Os cartões de créditos para orelhão podem ser encontrados em mercearias, postos de combustíveis e bancas de revistas - Foto: Ademir AlmeidaOs cartões de créditos para orelhão podem ser encontrados em mercearias, postos de combustíveis e bancas de revistas - Foto: Ademir Almeida
“Eu uso orelhão várias vezes por semana, tenho celular com bônus para as operadoras, mas para ligar para fixo recorro ao orelhão. E muitas pessoas também precisam porque não tem crédito para fixo. Também em situações de emergência, às vezes a gente não lembra o número por conta do nervosismo, e ali é só apertar uma tecla”, opinou Lima.
O motorista também ressaltou que se os telefones públicos deixarem de existir farão muita falta, pois há situações em que a bateria descarrega ou não dá sinal. “Quando viajo sempre tenho que usar o cartão também, e afinal... quem nunca usou um orelhão?”, questiona Antônio Lima.
Os orelhões são vítimas constantes de vandalismo - Foto: Ademir AlmeidaOs orelhões são vítimas constantes de vandalismo - Foto: Ademir Almeida
Entretanto, indo contra as expectativas do motorista, o Dourados News encontrou o adolescente, de 12 anos, Mateus Amorim dos Santos, que disse nunca ter usado um orelhão, “eu nunca usei um, pois nunca precisei, tenho celular desde os nove anos, mas deve existir, porque tem pessoas que precisam”.
Em contato com a assessoria da Oi, empresa que cuida dos telefones públicos no Mato Grosso do Sul, o Dourados News foi informado que entre 2007 e 2012, foi registrado queda de aproximadamente 40% ao ano no consumo de créditos em seus orelhões – o que representa uma redução de 92% em todo este período. Pesquisas realizadas pela companhia mostram que, atualmente, o uso do orelhão é esporádico.
O adolescente de 12 anos nunca utilizou um orelhão - Foto: Ademir AlmeidaO adolescente de 12 anos nunca utilizou um orelhão - Foto: Ademir Almeida
“Como os orelhões da empresa estão instalados em vias e estabelecimentos públicos, sofrem, diariamente, danos por vandalismo. Nos quatro primeiros meses do ano, foram danificados mensalmente por atos de vandalismo, em média 1,6% dos mais de 10 mil orelhões instalados no Mato Grosso do Sul”, explicou a empresa.
História
O telefone público faz parte da vida da população brasileira desde 1920, mas só em 1934 – quando a Companhia Telefônica Brasileira (CTB) instalou na cidade de Santos, em São Paulo, os primeiros Telefones Públicos de Pagamento Antecipado – é que sua história começou de verdade.
Os telefones de emergência são destacados nos orelhões - Foto: Ademir AlmeidaOs telefones de emergência são destacados nos orelhões - Foto: Ademir Almeida
A princípio, os telefones ficavam em postos e estabelecimentos credenciados, como bares, cafés e padarias. Junto a eles havia uma caixa coletora de moedas, e as ligações eram realizadas com a ajuda de uma telefonista.
Somente no ano de 1971 é que começaram a ocupar as calçadas. Primeiro foram instaladas em São Paulo 13 cabines circulares feitas com vidro e acrílico. Essa experiência não deu muito certo, porque as cabines eram usadas inadequadamente. Mas, ainda assim, era preciso encontrar uma alternativa eficaz, resistente e econômica para atender à população, de acordo com o site da operadora Vivo.
Os telefones públicos também são utilizados  pela população para fazer propagandas - Foto: Ademir AlmeidaOs telefones públicos também são utilizados pela população para fazer propagandas - Foto: Ademir Almeida
Publicado em: http://www.douradosnews.com.br/dourados/quase-ignorados-pela-populacao-orelhoes-diminuem-em-28-em-dourados 

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