quinta-feira, 29 de maio de 2014

'As pessoas vivem hipnotizadas, porque a hipnose é um estado de concentração', diz hipnólogo


O hipnólogo, Rafael Baltresca, é o entrevistado da semana do Dourados News - Foto: Ademir AlmeidaO hipnólogo, Rafael Baltresca, é o entrevistado da semana do Dourados News - Foto: Ademir Almeida
Eduarda Rosa
O entrevistado dessa semana do Dourados News, é o hipnólogo e palestrante motivacional, Rafael Baltresca, que esteve palestrando na UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados).
Ele se formou em engenharia, há treze anos, e por curiosidade acabou entrando em uma área totalmente diferente, que é a da psicologia e comportamento humano.
Em entrevista à reportagem ele contou como funciona a hipnose e o que ele faria se pudesse hipnotizar uma autoridade política.

Confira:
Dourados News: O que te levou a entrar na área do hipnotismo?
Rafael Baltresca: Foi um caminho bem interessante, porque eu já dava aula desde que eu tinha 20 anos. Durante 10 anos eu lecionei no cursinho, na área de engenharia mesmo, daí acabei migrando para aulas dentro de empresas, falando de motivação, auto-motivação, e um dia surgiu esse assunto da hipnose entre amigos, eu fui estudar e me apaixonei. Porque é intrigante, é diferente e ela oferece muita reflexão.
D. N.: A vontade surgiu então da curiosidade?
R. B.: É, foi sem querer. Eu fui estudar neurolinguística em 2007 e daí numa das rodas de papo sobre a mente humana e comportamentos, uma pessoa que tinha feito o curso de hipnose me contou e eu até falei “mas existe isso ou é tudo conto?” aí ele disse que existia, é muito legal é uma ciência, é um estudo, não tem nada de sobrenatural, não tem nada de charlatanismo. De lá para cá são sete anos estudando aqui no Brasil e fora do país. Eu fiz cursos de extensão, curso de hipnose clinica na PUC, em São Paulo, fiz o curso de psicodinâmica aplicada, que são várias psicologias na área organizacional, e comecei a faculdade de psicologia, mas ainda não conclui.
D. N.: As pessoas podem ser hipnotizadas sem saber?
R. B.: As pessoas vivem hipnotizadas, porque a hipnose é um estado de concentração e foco, então toda vez que de alguma forma você está focado em algo, a gente fala que é o mesmo estado de pessoa hipnotizada. Nunca aconteceu de você procurar a chave de casa ou do carro e está com a chave na mão? Quantas vezes você já procurou os óculos com os óculos? Então isto é um estado de hipnose, porque você está tão focado em algo, no caso, em procurar a chave ou os óculos, que você não vê que ele está na sua mão ou no seu rosto, então é um estado de concentração e foco absurdo aumentado, pode também ser chamado de hipnose.
"As pessoas acham que sou algum bruxo, pessoal acha que eu tenho poderes mágicos", disse o entrevistado - Foto: Ademir Almeida
D. N.: Como é a sua palestra?
R. B.: Na palestra eu trato da percepção, onde a gente vive em um mundo onde o que importa não é a realidade, mas como a gente percebe esta realidade, que é o nosso mundo, a nossa realidade, e que muitas vezes a gente não consegue mudar a realidade, porque são as coisas do passado. Muitas vezes você não tem mais acesso ao passado, não dá para mexer, mas você pode mudar a forma que você percebe esse passado, então no começo da palestra eu falo muito sobre isso: mudança de foco, mudança de percepção e aí a mudança da sua realidade.
Depois eu falo um de uma técnica chamada contraste perceptivo, porque a gente sempre usa esse contraste, mas a gente não vê. O que significa isso: as vezes quando você só olha para um problema, parece que ele é gigante, parece que ele é enorme, por exemplo, quando a pessoa perdeu o emprego ou perdeu uma oportunidade de trabalho, coisa simples, mas quando você olha com foco para isso, isso fica gigante como se tivesse uma lupa. Quando você coloca algo maior que isso, uma vida, uma eternidade – para quem acredita -, os próximos cinquenta anos da sua vida, quando você vê algo maior este problema fica pequeno. Então este é o primeiro passo para você começar a mudar a percepção das coisas , seja o que for você gerencia esta automotivação, esta percepção.

Hipnose é um estado de concentração e foco, então toda vez que de alguma forma você está focado em algo, a gente fala que é o mesmo estado de pessoa hipnotizada

— Rafael Baltresca, hipnólogo

Então eu começo falando disso na palestra, depois eu falo um pouco de influência como a gente é influenciado no dia a dia sem perceber, e numa terceira parte – eu chamo isso de laboratório – que eu vou pegar a parte de influência e percepção, daí a gente prova isso, testa na prática que é a parte da hipnose.
São dez pessoas que vão para o palco e eu hipnotizo. Quando está hipnotizada, a barreira crítica da pessoa – do não posso, não consigo – ela é suprimida e tudo que ela coloca na mente o corpo reage. A gente fez várias brincadeiras uma pessoa esqueceu o nome dela, fizemos também a experiência da pessoa anestesiar o próprio braço, apenas falando para ela que o braço está anestesiado. Para mostrar que quando realmente você muda o seu foco, quando você está focado em algo, o seu corpo vai reagir, seu corpo vai respondendo.
E daí a gente fecha a palestra com o que a gente tinha dito no começo que o poder é seu, que todo mundo guarda um poder dentro de si, mas muitas vezes a gente se esquece desse poder. Muitas vezes a gente com que as outras pessoas diminuam o nosso poder.
D. N.: Existem vários tipos de hipnotismo?
R. B.: Clínica, para conseguir dormir, para parar de beber, emagrecer, tem a parte educacional também, para os professores aprenderem o processo de influência com ética. Porque a influência pode ser boa ou má, mas ela é simplesmente uma ferramenta. Então quando eu falo em influência eu não gosto que as pessoas pensem em manipulação, do faça o que eu quero que você faça, então a hipnose entendendo como é que funciona ela pode ser usada de várias formas.
"Hipnose é mais autocontrole, do que outra pessoa controlando você", desmistifica - Foto: Ademir Almeida
D. N.: Se você pudesse hipnotizar alguma autoridade o que você faria?
R. B.: Se pudesse hipnotizar alguma autoridade, eu hipnotizaria todos os políticos para que a partir desse momento eles se tornassem éticos e realizar apenas o que é bom para todos, para eles e para a população , seu pudesse hipnotizar. Gostei disso! [risos]
D. N.: Como a pessoa se sente quando está hipnotizada?
R. B.: Você se sente bem, se sente com domínio sobre você, a pior coisa que tem é outra pessoa ter domínio sobre você, por uma emoção, ou por outra pessoa, uma besteira que você não queria escutar. Quando você consegue controlar isso você se sente superior, você sente que a sua mente domina as suas emoções, os comportamentos. E você fala, realmente, o poder é meu. Trabalho também com auto hipnose para a pessoa dormir bem ou até para perder peso.
Quando se pensa na parte da obesidade, muitas pessoas pensam que não tem poder parece que ela não tem o poder de comer o que desejar no horário que desejar, parece que ela é controlada por uma angústia, quando você dizer ‘agora não!’, ‘isso eu vou fazer!’, ‘isso não vou fazer!’. Você está pegando as rédeas da sua vida, você está consciente do que você faz e do que não faz.
Eu não gosto de dizer muito que a minha palestra é de motivação, porque eu não acredito que eu posso te motivar, mas eu sempre falo em automotivação, eu dou ferramentas para que a pessoa possa se auto-motivar.
D. N.: Você faz regressão?
R. B.: Não faço, pessoas que fazem regressão às vezes utilizam algumas técnicas de relaxamento para ajudar, mas não é o meu trabalho.
D. N.: Você falou muito em autocontrole, mas quando a maioria das pessoas pensa em hipnose pensa em outra pessoa controlando você?
R. B.: Exatamente, porque a mídia usou a hipnose nos filmes, séries de televisão, porque é muito divertido ver aquela figura do hipnólogo, falando algumas palavras mágicas e a pessoa sendo controlada por ele. Então no ponto de vista midiático é interessante colocar isso no filme, mas na realidade não é isto que acontece, a pessoa precisa estar aberta, precisa querer ser hipnotizada. Na palestra eu falo, ‘quem não quiser eu nunca vou hipnotizar’. As pessoas vem por livre e espontânea vontade, eu faço todo um processo de relaxamento nelas e elas são hipnotizadas, daí a gente libera a fera que tem dentro de cada um.
"Hipnose é uma mistura de confiança com influência", diz Baltresca - Foto: Ademir Almeida
D. N.: Existem tipos interessantes de hipnose?
R. B.: Sim, existe vários tipos bem interessantes, por exemplo, a forense que eles usam muito, a pessoa quando ela é violentada, num ato de defesa do cérebro há um esquecimento, uma memória bloqueada. Com a hipnose a pessoa consegue lembrar dos fatos escondidos, por exemplo, a pessoa é estuprada, não consegue lembrar do momento, nem do rosto do agressor. Existem alguns clínicos que fazem o método de regressão (regressão é você lembrar de alguma coisa que aconteceu há alguns minutos, é simplesmente acessar uma memória, então usando relaxamento, coisa do tipo, a pessoa consegue lembrar do rosto da pessoa).
D. N.: O que as pessoas falam quando você diz que é hipnólogo?
R. B.: Ficam desesperadas, pensam que eu sou algum bruxo, pessoal acha que eu tenho poderes mágicos, mas não é nada disso, é muito mais simples do que parece. A hipnose ela precisa de aceitação, e o mais importante, de confiança. Quando uma pessoa confia em você, ela já está sujeita a sua influência.
Então na palestra que eu faço eu trabalho a confiança dessas pessoas, depois elas confiam tanto no que eu falo, que tudo que eu digo se torna verdade. Às vezes em uma conversa do dia a dia do pai e do filho, o filho de 3 ou 5 anos confia tanto no pai, que tudo que ele fala vira verdade para a criança. Tanto que os trejeitos dos pais acabam chegando nos filhos, se o pai fuma ou a mãe fuma, tem uma tendência altíssima do filho fumar, justamente, por que ele acaba sendo hipnotizado por conta da confiança que ele tinha.
Então quando falar em hipnose, você pode lembrar de influência, que é a mesma coisa. Quem você influencia? Quem confia em você, quem gosta de você.

Publicado em: http://www.douradosnews.com.br/dourados/entrevista-hipnologo

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