sábado, 23 de junho de 2012

“Ler não é chato, chato é ser burro!”, disse o escritor Pedro Bandeira


.Pedro Bandeira destacou a importância da leitura - Foto: Eduarda Rosa
Eduarda Rosa
“Porque o Brasil é um país que está se desenvolvendo até hoje, enquanto os Estados Unidos, porque exemplo, já é desenvolvido?” Essa foi a pergunta que norteou a palestra do escritor Pedro Bandeira, que esteve em Dourados neste domingo (17/06), durante a I Feira do Livro e Leitura de Mato Grosso do Sul.
De uma forma muito humorada, o escritor conseguiu expor a realidade educacional brasileira, desde suas origens. Ele lembra que o Brasil foi colonizado por Portugal, ou seja, homens portugueses, que não vinham para cá com suas famílias, mas apenas para explorar as riquezas da nova terra descoberta.
Nas caravelas, vindas de Portugal, chegavam homens analfabetos, tanto se pode comprovar isso que vinha apenas um escrivão junto, pois só ele sabia ler e escrever. Naquela época não havia interesse em ensinar a ler, pois não fazia diferença. “Só vinham homens para cá e homem não é transmissor de cultura, historicamente quem é transmissor de cultura é a mulher, porque é a mulher que fica com a prole, que canta as canções, que ensina as funções do seu povo, as religiões do seu povo”, ressaltou Pedro Bandeira.
Foto: Eduarda Rosa
Outro fator, que foi de estrema importância para o começo da alfabetização no mundo, foram os protestos feitos por Martinho Lutero, no início do século XV, quando se revoltou contra a igreja Católica e por isso ficou conhecido como protestante. Para ele o cristão deveria conhecer pessoalmente a bíblia, ou seja, para isso o povo tinha que aprender a ler. Então países que foram colonizados ou aderiram ao protestantismo, como Inglaterra, Alemanha e Estados Unidos, são ricos até hoje, pois colocaram a educação, a leitura, em primeiro lugar de importância. Já os que não fizeram isso, como Portugal, Espanha e a América Portuguesa são mais pobres.
Bandeira também conta que, por incrível que pareça, não aprendemos a falar português com os portugueses e sim com os africanos. “Pois, com medo de revoltas nos navios, o traficante de escravoscomprava os escravos em vários pontos do continente africano, assim eles não falavam a mesma língua e não tinha como armarem para fazer uma revolta, então eles aprendiam a língua do capataz para poder se comunicar”, disse o escritor.
Mas a revolução educacional no Brasil só iniciou na década de 90, “quando o país abriu os olhos e percebeu que sem educação nós não somos ninguém! Só agora conseguimos fazer escola para todo o país!”
“O que é riqueza? Ser rico é ter coisas? ‘Sou filho de um banqueiro não preciso estudar, daí papai morre e eu herdo o banco, quanto tempo vai durar o banco na minha mão?’ O homem mais rico do mundo é o Bill Gates, e o que ele tem? Poços de petróleo, vende aço, carro? Não. Ele vende programas de computador, ele vende ideias, criação!”, reflete Bandeira.
O escritor falou também que educação não é um problema da escola, é um problema da família! Em outros países não é preciso à professora mandar ler o livro, quem cuida disso é a família, porque é uma atividade de lazer, não é obrigação. Aí quando a professora manda comprar o livro vem o pai, que se sacrifica para comprar um tênis de grife para o filho, e fala “para quê gastar dinheiro com bobagem?”, ou seja, acha mais importante investir no pé do que na cabeça do filho!, expôs o escritor indignado.
Bandeira contando histórias - Foto: Eduarda Rosa
O escrito lembrou que o brasileiro não exigia escola de qualidade para seu filho, pois isso não era uma prioridade, não era reivindicação do povo, assim foi preciso obrigar as crianças a irem à escola. E já que no Brasil a família não faz a revolução educacional é preciso que a escola a faça, e mesmo os professores sendo desvalorizados e sem respeito social, eles são a única esperança para o nosso país!
Bandeira ressaltou ainda que dar tudo para uma criança é prejudicial, pois “praticamente todos os meninos ricos viram playboys, não estudam e aprontam, aí os pais falam ‘eu dou tudo para esse menino, não sei por que ele é essa peste’, mas não é isso que faz a felicidade e a segurança do ser humano, criança não precisa de bens, o que criança precisa é de colo, de historinha, de canção de ninar. Isso que faz o ser humano crescer forte, crescer com segurança, compreender seus próprios sentimentos”, medita o escritor.
Ele aconselha que é necessário que as crianças aprendam a ler, e a ler bem, para poderem conquistar o poder e o conhecimento, que mais tarde elas usarão para serem grandes, para poderem ganhar melhor e fazer um país melhor. “Fico triste quando a criança fala que estudar é chato, ler é chato, tem que ver que mais tarde, chato é ser burro! Hoje a pessoa que não sabe ler não consegue nada, antigamente ainda os homens fortes, eram fortes porque podiam sustentar a família na enxada, hoje quem precisa de homem na enxada?”, disse Bandeira.
Cada livro trás aventuras deliciosas e prazerosas, e para vivê-las nem é preciso sair de casa, mas para incentivar, principalmente as crianças, a ler é necessário que a leitura seja realmente prazerosa, pois “criança gosta de ler coisa divertida, engraçada, afinal ler é prazer”, finaliza o escritor de livros infanto-juvenis Pedro Bandeira.
O humor fez parte de todo o bate-papo - Foto: Eduarda Rosa

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