sábado, 12 de maio de 2012

Confidências, em banco de pedra, inspira livro sobre reflexões



O Banco de Pedra colorida morava em Belo Horizonte, mas juntamente com as mudanças na vida da menina, também se mudou para Caxias, no Rio Grande do Sul.
Eduarda Rosa
Se acomodar em um banco, cadeira ou poltrona e desfrutar de momentos de diálogos e brincadeiras com os amigos e familiares. Isso gera elo entre as pessoas, que pode durar uma vida intera, mesmo quando as circunstâncias da vida separam as pessoas que se gostam.
E os momentos vividos pelo maestro, Adilvo Mazzini e a Doutora em direito, Maria de Fátima Freire de Sá, há cerca de trinta anos, no banco da varanda da casa da menina de quatorze anos, na época, em Belo Horizonte ficaram marcados na vida de ambos.
O famoso banco da varanda virou título do livro dos dois amigos, que se conheceram em julho de 1984, quando o coral juvenil Julia Pardine, de Belo Horizonte, veio até Dourados e o coral Santa Cecília, hoje Guaraoby, o recebeu. Na ocasião houve concertos e o maestro fez uma amizade muito grande com a menina, chegando a se corresponder por carta com ela, por cerca de oito anos.

Depois disso, eles se perderam, pois Maria de Fátima foi estudar e o maestro Mazzini ficou trabalhando, se especializando em música e vivendo aqui em Dourados. Contudo, o maestro conta, em entrevista ao Dourados News, que no ano passado ele a descobriu, casualmente, pela internet e “foi uma grande redescoberta, porque eu tenho um apresso muito grande pela Maria de Fátima”, ressalta.
O livro sobre o banco da varanda
Quando se reencontraram Mazzini se deparou com uma mulher diferente, Doutora em Direito com especialização em Bio Direito, “uma área muito controversa, muito complexa, são assuntos que para mim são amalucados, pois eu conheci a Maria de Fátima como musicista, cantora de coral, com estudos aprofundados em flauta transversal e me assustei quando vi Maria de Fátima voltada para a área do Bio Direito”, lembra.
Então o maestro perguntou a ela “onde está aquela mulher que eu havia conhecido?”. Durante sua carreira no direito, Maria de Fátima, publicou 19 livros, mas confidenciou a Mazzini que havia escrito algumas “bobagens” de outros assuntos, pela insistência do maestro ela resolveu mandar as “bobagens” que havia escrito.
Estas ditas “bobagens”, segundo Mazzini, eram cartas que ela havia escrito após a morte de seus pais, pois sentia muitas saudades. Pois a mãe dela ficou 15 anos doente, sendo que oito anos em coma, e três anos depois que a mãe morreu seu pai também faleceu, “com a morte do pai ela perdeu praticamente o piso dos pés”, lamenta o maestro.
Depois de ler vários dos textos escritos por Maria de Fátima, Mazzini a incentivou a publicá-los em forma de livro. Ele conta que relutou muito, até que em determinado momento ela disse que ia fazer, contudo veio com uma contraproposta para o maestro, “só que vamos fazer a dois”, disse a Doutora em Direito.
O banco original
Mazzini confessou que ficou relutante, porém ela trouxe a solução “lembra-se das nossas cartas? Vamos fazer exatamente desse jeito eu vou arrumar meus textos aqui, mando para você e a cada vez você me retorna a carta, é como um diálogo de textos ou cartas”, lembra o maestro.
E assim, nasceu a obra “O banco da Varanda”, produzida em homenagem aos pais de Maria de Fátima e com apenas 50 exemplares disponíveis para venda, é uma obra artesanal, reflexiva, dividido em nove blocos, com cada um, contendo duas cartas e essas cartas estão dentro de envelopes de papel manteiga. Mazzini conta que cada dupla de textos têm seu enfoque, então ele pode ser lido livremente, mas também tem certa linha condutora. “É uma linha que busca o interior do ser humano, mas sem ser piegas e sem ser de autoajuda, são reflexões que levam a parte interior, mas sem ser muito ‘choramingoso’”, disse o maestro.
Mazzini dá o exemplo de um dos textos, em que Maria de Fátima escreve sobre as flores que o pai dela cultivava e levava todos os dias para a mãe dela, no contratexto do maestro ele busca a reflexão interior, “que tipo de flor eu tenho dentro de mim – que tipo de flor que eu tenho dentro de mim que eu posso oferecer a você? Talvez uma palavra amiga, talvez um sorriso, uma canção”, reflete.
Maestro Adilvo Mazzini - Foto: Eduarda Rosa

Pensamentos de um maestro

Admiração - Com mais de 1300 de cursos em música, em todo o Brasil, Adilvo Mazzini, conta que através do canto e da música pode ser feita muita coisa boa, para muita gente, “se não fosse a música eu não estaria lançando um livro hoje com a Maria de Fátima, porque foi através da música que nós nos encontramos, de outra forma nós nunca teríamos nos encontrado em outro momento. Nós seriamos dois ilustres desconhecidos neste espaço todo. No entanto foi a música que possibilitou o nosso encontro e o nosso reencontro agora”, lembra o maestro.
A amizade entre os autores é, segundo Mazzini, “maior do que qualquer coisa física, é uma profundidade de alma que você não encontra. Estar junto com ela numa mesma obra é o prêmio da minha vida, até aqui é o maior prêmio que estou recebendo. Sou apaixonado por ela, no sentido bonito da coisa...”, disse o maestro, demonstrando muita admiração pela amiga e coautora.
O maestro em entrevista ao Dourados News - Foto: Maryuska Pavão
Arte - “Acho que uma cidade, uma sociedade, não se constrói apenas com coisas físicas, uma cidade bem constituída com ruas bonitas, arborizadas com flores, isso tudo faz parte, mas se o ser humano não acompanha isso, de nada terá valido isto tudo. Então, a questão de dar oportunidade para que as pessoas também se envolvam, de alguma forma, com uma parte mais sensível, mais artística, uma parte que até foge um pouco da parte física, propriamente dita, se busca o trabalho das ideias e das emoções. Isso me levou a trabalhar, a buscar e a tentar fazer a minha parte do que é importante nesta história toda”, disse Mazzini.
Faça a sua parte - Conta ainda que fez o possível que podia ter ser feito, se não fez mais foi porque não teve jeito. “Nós podemos fazer muita coisa boa através da música e pela literatura, poder dar umas ‘pinceladas’ neste mundo tão controverso que vivemos, tão maluco que nós temos. E quando você vê que se pode de alguma forma minimizar isso, nunca vai consertar sozinho, mas desde o momento que você faça a sua parte você estará contribuindo para que haja uma melhora e essa melhora tem que começar exatamente por você ou então não tem sentido algum. Não adianta nada eu estar falando uma coisa e estar fazendo outra, tenho que ser coerente comigo mesmo. É difícil, mas é o que tem que ser feito, do contrário pouca coisa valeria”, finaliza o maestro, Adilvo Mazini.

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