segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

“É preciso aproximar a ciência do leigo”, diz diretor do Ministério C&T

Douglas Falcão Silva é do Departamento de
Popularização e Difusão da Ciência
Desde a hora em que acordamos até quando vamos dormir estamos cercados de ciência e tecnologia, seja nos alimentos que consumimos, na casa em que moramos ou no smartphone em que nos comunicamos. E divulgação científica é fundamental para que o cidadão do século XXI tenha consciência de toda a tecnologia que o rodeia.
Este e outros assuntos foram tratados pelo Diretor do Departamento de Popularização e Difusão da Ciência do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Dr. Douglas Falcão Silva, em visita à Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), nesta sexta-feira (23).

Confira a entrevista:
UEMS: Qual é a função da divulgação científica?
Douglas Silva: É preciso aproximar a ciência do leigo e não de outros cientistas.  A comunicação da ciência dentro da comunidade cientifica é fundamental, mas o que a gente chama de divulgação de ciência é a socialização de ciência para fora do círculo de produção do conhecimento científico.  Pois o resultado da divulgação de ciência não é só que a pessoa use ciência e tecnologia, mas que ela entenda como funciona, se aproprie dela.
UEMS: Como é essa apropriação da ciência?
Douglas Silva: A divulgação de ciência é para colocar a apropriação de ciência e tecnologia na cabeça das pessoas, fazer você “surfar” onde você controla, onde você precisa controlar. Porque tudo que não se controla é perigoso, tudo aquilo que você apenas consome é perigoso. Você tem que ser minimamente protagonista da sua vida. E hoje em dia para ser protagonista da sua vida tem que se saber um pouco de ciência e tecnologia, não apenas usar um pouco de ciência e tecnologia.  O que acontece hoje em dia é que muitas crianças não sabem que o peito de frango, por exemplo, que elas consomem vem de uma galinha, talvez vejam o animal apenas pela televisão, mas nunca viram de perto.
UEMS: Com a constante presença no nosso cotidiano, a ciência tem se tornado cada vez mais comum?
Douglas Silva:  Sim, quanto mais ciência e tecnologia temos no cotidiano, menos se vê a ciência tecnologia, mais se naturaliza ela. Então é preciso que as pessoas tomem conhecimento de que estas mudanças que aconteceram não podem ser naturalizadas e que hoje a ciência e a tecnologia fazem parte da própria cidadania. Pois, hoje, um cidadão do século XXI precisa saber um mínimo de ciência e tecnologia para poder viver no seu cotidiano e o mais importante disso, para tomar decisões, porque muitas questões de políticas públicas que afetam nossas vidas tem a ver com ciência e tecnologia.
UEMS: Qual é a importância de se divulgar a pesquisa feita na universidade?
Douglas Silva:  Divulgação de ciência tem um papel de prestação de contas. Se não se vê os resultados divulgados pode-se questionar ‘porque não apenas resolver o problema de saneamento básico, construir mais escolas e parar de dar recursos para a ciência brasileira?’, principalmente do Brasil, onde a ciência é financiada basicamente com recursos públicos. Então divulgar é uma forma de defender recursos para o próprio financiamento da ciência brasileira. Nos Estados Unidos e na Europa já existe esta cultura de que o trabalho dos cientistas, além de gerar conhecimento e pesquisa, também cabe divulgar a ciência, por um motivo muito simples, isso faz com que a sociedade possa ter uma atitude mais positiva com relação a ciência.  
UEMS: Quais os trabalhos que estão sendo desenvolvidos no MCTIC para ajudar na divulgação da ciência?
Douglas Silva: Temos a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, desde 2004, e neste ano terá o tema “Ciência, Tecnologia e Alimentação”, que acontecerá entre os dias 17 e 21 de outubro. Em que participarão mais de mil cidades brasileiras, por meio de instituições de pesquisa, universidades e escolas, que vão apresentar ideias, sobre relações entre ciência, tecnologia e alimentação.
Apoiamos museus e centros de ciência. Também incentivamos as Feiras de ciências e as olimpíadas de conhecimento. Hoje o Brasil tem a maior olimpíada de conhecimento do mundo, a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas, a cada ano 19 milhões de alunos fazem parte dessa Olimpíada. Além da olimpíada de química, física, biologia, neurociência, história, língua portuguesa. Tudo isso com este intuito, mostrar para a garotada que a ciência está aí, é interessante, mas você tem que usar a ciência para você viver melhor, para você pensar.

Produzido pelo Projeto Mídia & Ciência UEMS/Fundect

http://www.uems.br/noticias/detalhes/o-cidadao-precisa-saber-ciencia-e-tecnologia-nao-so-usar-diz-diretor-do-ministerio-ct-115810

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