sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

“Aprendi a ler aos 13 anos e hoje conquisto meu diploma universitário”



Por: Eduarda Rosa | Postado em: 16/12/2016
Guilhermina recebendo o diploma das mãos da pró-reitora, Adriana Rochas
– O meu conhecimento é uma coisa que ninguém tira de mim. Uma bolsa e um sapato acaba, agora o conhecimento ninguém tira de mim! – é o que destaca Guilhermina Teixeira de Souza Mascarenhas Acunha, de 32 anos. Ela que aprendeu a ler aos 13 anos e teve uma trajetória de dificuldades ao longo da vida é recém formada em Administração Pública pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS).
A UEMS está presente em 15 cidades com unidades físicas, além de seis polos de Educação a Distância. Mas, como defende o reitor Fábio Edir dos Santos Costa, “não são as estruturas que formam a UEMS, e sim as pessoas”. É cada professor, técnico administrativo, funcionário e, principalmente, os alunos que fazem desta Instituição uma Universidade. E é a cada formatura que, ao testemunhar a realização de tantos sonhos que a Universidade reafirma sua missão.

As colações de grau costumam ser eventos grandiosos, cheios de emoção, pais orgulhosos e amigos esfuziantes de alegria, mas foi em uma cerimônia sem barulhos e plateia, em uma colação de grau de gabinete, no dia 6 de dezembro deste ano, em Dourados, que Guilhermina Acunha recebeu o seu diploma em Administração Pública, cursada na modalidade EaD, em Água Clara. Ela chorava muito, mas não simplesmente de felicidade pelo evento em si, havia algo mais. Não era apenas um diploma, era o certificado do acreditar! Acreditar mesmo tendo muitas pessoas ao redor dizendo que não iria conseguir. Acreditar mesmo com lutas, mesmo aprendendo a ler apenas aos 13 anos, de morar com parentes ou sozinha desde a infância... Foi a certificação da superação de Guilhermina!

Ela é uma das filhas de uma casa com mais quinze irmãos da zona rural de Salinas, interior de Minas Gerais. Até a história dela se cruzar com a da UEMS muita coisa aconteceu! Por conta das dificuldades financeiras da família ela teve que ir morar aos sete anos de idade com os tios em São Paulo, depois foi para casa de parentes no Rio de Janeiro e aos treze anos foi para Brasília morar com uma conhecida, mas aos 15 anos teve que ir morar sozinha.
– Nem todo mundo dava oportunidade para mim estudar, eu entrei na escola com dez anos. Tive uma vida bem sofrida, mas eu sempre tive pessoas que me deram oportunidades – ressaltou.
Na capital federal trabalhou como empregada doméstica, copeira e como funcionária terceirizada em órgãos públicos para se sustentar. Estudou e até começou a fazer um curso universitário, mas engravidou e sua filha nasceu com algumas dificuldades, por isto abandonou o curso. História que tantas vezes se repete. Depois da separação, em 2008, mudou-se para Campo Grande. Ela lembra que foi um grande desafio, mas conseguiu emprego em uma empresa onde as pessoas a incentivaram a estudar:
– Eles falavam para eu fazer o vestibular da UEMS, mas eu dizia “Nunca vou passar! Nunca vou passar numa universidade pública”. Mas eles me incentivavam e diziam: “Você tem que fazer! Você Pode!”. Então eu fiz e fiquei em 44º lugar para estudar no polo EaD de Água Clara.
Apesar de muitas pessoas a motivando, outras insistiam em fazer o contrário:
– Mesmo assim tinha gente que falava “Ah, você não vai conseguir! Como que você morando em Campo Grande, ganhando o salário que você ganha, como que você vai estudar lá em Água
Clara? Não tem como!”. Foi muita persistência até chegar aqui! Mas eu sou eternamente grata de ter tido esta oportunidade de estudar na UEMS, de conhecer vários professores que me ajudaram muito, eles acreditaram em mim, me ajudaram, é gratidão por tudo! – disse emocionada.
A Administradora Pública conta que sempre procura se dedicar ao que faz. A colação de grau extraordinária foi necessária, pois Guilhermina está concorrendo a vagas em dois concursos públicos e também já está cursando uma pós-graduação lato senso. E sempre incentivando a filhinha, de 12 anos, que está na 8ª série, a estudar.
– A UEMS me proporcionou uma melhor colocação no mercado de trabalho. Não tenho dúvida disso. Porque além do diploma, a UEMS me proporcionou muito conhecimento ao longo destes quatro anos. E agora pegando o meu diploma eu estou me sentindo livre, é liberdade, é saber que eu vou ter mais um leque de opções no mercado de trabalho. Quem sabe eu possa realizar o sonho de cursar Direito também... É uma nova fase da minha vida! – finaliza, pelo menos por enquanto, a nova administradora.

Produzido pelo Projeto Mídia & Ciência UEMS/Fundect

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Debutante, cadela ganha bolo e foto em homenagem aos 15 anos de cãopanheirismo

Princesa vestida como tal, cachorra teve bolo e velinha no aniversário de 15 anos. (Foto: Eduarda Rosa) Paula Maciulevicius Um dia...