segunda-feira, 20 de julho de 2015

“A igreja não pode assistir de braços cruzados à violação dos Direitos Humanos”, afirma o fundador da ONG Rio de Paz

Manifestação contra a violência levou 700 cruzes pretas para a praia de Copacabana / Foto: Márcia Foletto

























Por: Eduarda Rosa

Os dias no Despertar 2015, em Campo Grande, foram maravilhosos e inesquecíveis, foi o melhor congresso que já participei. Como jornalista, não fiquei tranquila, enquanto não consegui entrevistar o  pastor Antônio Carlos Costa, o primeiro a pregar no evento, no dia 15 de julho.

Isto porque o Antônio Carlos Costa, da Igreja Presbiteriana da Barra da Tijuca, é o fundador da ONG Rio de Paz – filiada ao Departamento de Informação Pública da ONU – que desde 2007 promove manifestações no Rio de Janeiro, a primeira e mais marcante foi a das cruzes na praia de Copacabana.

De acordo com o G1 em matéria na época, cerca de 50 integrantes do movimento Rio de Paz fincaram 700 cruzes na areia da praia, em frente ao Copacabana Palace, Zona Sul do Rio. Cada cruz representa uma vítima de violência no estado neste ano.

Na época o pastor, Antônio Carlos Costa, organizador do protesto disse que o movimento tinha fins pacíficos e queria chamar atenção da sociedade para uma mobilização contra o grande número de mortes. “Não podemos assistir a tudo de olhos secos e braços cruzados. A população não pode ficar inerte e indiferente”, disse.


Costa ainda é jornalista, teólogo, e plantador e pastor da Igreja Presbiteriana da Barra, no Rio de Janeiro. Mestre em História do Cristianismo pelo Centro de Pós-Graduação Andrew Jumper, é doutorando em Teologia pela Faculté Jean Calvin, em Aix-En-Provence, na França.

Abaixo você pode conferir a entrevista que o pastor concedeu a mim, Eduarda Rosa. Ele contou um pouco sobre as manifestações da ONG e a função da igreja na sociedade atual.  
Foto: Eduarda Rosa
Quando iniciaram as manifestações?

As manifestações começaram em 2007, com o objetivo de reduzir as mortes violentas no Rio de Janeiro. Aí nós fizemos uma manifestação que deu muita repercussão nacional, que foi a das cruzes na praia de Copacabana e aquilo deu muita visibilidade nos meios de comunicação. O que é muito legal, porque a gente consegue colocar os problemas sociais do Brasil nas primeiras páginas dos jornais.

Vocês atuam nas favelas?

Isto, nas favelas Jacarezinho e Mandela, no Rio de Janeiro.


Quais foram às principais manifestações?

As principais manifestações foram as das cruzes; das vassouras – contra a corrupção no Brasil;  Fora Renan – foi uma campanha para que ele não assumisse a presidência do senado; a campanha Onde está Amarildo? – um pedreiro que desapareceu lá na Rocinha, levamos bonecos para a praia de Copacabana com véu, para caracterizar a vida que se foi; fizemos manifestações contra a Copa do Mundo que ficaram mundialmente conhecidas – exigindo escolas e hospitais no padrão Fifa – tudo isto foi criado por nós.
De 2007 para cá nós fizemos dezenas e dezenas de manifestações, todas com muita repercussão.


Manifestação pediu escolas e hospitais no padrão FIfa - Silvia Ribeiro / R7

Até uma emissora de televisão pediu para que vocês fizessem uma manifestação?

A Bandeirantes pediu, quando perdeu o cinegrafista. Eles pediram para que nós fizéssemos uma manifestação e nós fizemos – foi a única ONG de Direitos Humanos que protestou contra a morte daquele cinegrafista, que era inclusive amigo nosso, que cobria as nossas manifestações.

Porque vocês decidiram começar a fazer estas manifestações?

Por conta do conceito que a Bíblia tem sobre o ser humano, sua dignidade de ser criado a imagem e semelhança de Deus e que não pode ser explorado, não pode sofrer sem que isto desperte a compaixão da igreja. O Brasil é um país desigual, onde a violação dos direitos humanos é praticada até mesmo pelo Estado, e a igreja não pode assistir a isto de braços cruzados, é uma contradição.

Qual a principal causa da violência em geral?

É uma série de fatores, acho que eles juntos nos ajudam a entender o porquê disto tudo. É uma desigualdade caracterizada por um convívio muito próximo com os desiguais numa cultura que estimula o consumo, num contexto de guerra às drogas e com um Estado fraco, no qual as suas instituições não funcionam a contento. Acho que estes fatores todos estão por trás, eles juntos se retroalimentando, nenhum deles nos ajudam a entender o problema isoladamente, acho que eles juntos nos ajudam a entender porque tantas mortes.

Foto: Eduarda Rosa
Qual é a função da igreja hoje?

É ser consciência da nação. E no Brasil ser consciência da nação vai significar a igreja protestar contra a cultura da banalização da vida humana. A vida humana não tem valor no Brasil.

É uma função social?

Sim, o evangelho apresenta Jesus, Jesus nos põe em contato com a Sua Palavra, a Sua Palavra nos leva para a Rua, nos leva a lutar pela justiça. É impossível você ter um encontro real com o evangelho pleno e isto não mover a misericórdia, e consequentemente a ação política.

Poderia deixar uma mensagem para os jovens brasileiros?

Para que os nossos jovens fundamentem suas vidas no princípio ético mais importante e 
elementar ponto de partida da construção de toda a visão: que é amar a Deus e tudo o que Deus ama. E Deus ama de uma forma toda especial o homem, então amar o homem vai significar pregar o evangelho e ajudá-lo a ter a vida viabilizada.



Antônio Carlos Costa é autor do livro “Convulsão Protestante: Quando a teologia foge do templo e abraça a Rua”, da editora Mundo Cristão. 

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