terça-feira, 16 de setembro de 2014

Mistura cultural faz parte da educação em escolas indígenas de MS

Por: Eduarda Rosa

Escolas indígenas ensinam guarani e português
Com a constituição de 1988, a população indígena garantiu direito ao ensino da língua materna e uma pesquisa desenvolvida na UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul) registrou a realidade da mistura cultural presente na educação das escolas indígenas de Mato Grosso do Sul.

A professora da UEMS, Renata Lourenço, no desenvolvimento da pesquisa intitulada "Os 'novos movimentos sociais' e a luta por educação dos professores indígenas" retratou que em MS os movimentos de professores lutando pela conquistas legais dadas pela constituição começaram na década de 1990.

Nos primeiros encontros dos docentes, o entendimento de uma educação diferenciada foi, e ainda é, bastante problematizada e conflituosa no seio da comunidade indígena, pois alguns achavam ser um retrocesso, segundo a professora. Contudo ficou registrado deste momento que a  escola indígena deveria ensinar a língua guarani, mas também o português como segunda língua.
Depois deste período,  a educação escolar indígena, alicerçada nos modelos da escola não-indígena, avançou: escolas foram construídas nas áreas indígenas e a formação de professores se difundiu. "Contudo, os saberes indígenas, e a própria organização pedagógica da escola visando a autonomia e a descolonização de suas práticas, continua sendo os principais desafios", ressalta Renata Lourenço.
Houve avanços, e nesta última década, em reconhecimento à realidade multicultural, foram promulgadas Leis que determinam que as instituições de ensino fundamental, médio e superior insiram em seus componentes curriculares conteúdos relativos à História da África e da cultura afro-brasileira e o ensino de História e Cultura Indígenas, possibilitando abertura para diálogos com os conhecimentos destes povos.

Com isso, escolas que contam com a presença de indígenas, ou cidades que contam com esta população, assumem a responsabilidade de promoverem nas escolas a reelaboração dos conhecimentos socio-educacionais, "devendo construir práticas efetivas de relações interculturais, na perspectiva da interculturalidade crítica, a partir do diálogo entre os diferentes saberes, onde a ‘diferença’ seja abordada como valor positivo na busca pela superação da ideia de superioridade e inferioridade de saberes", destaca o trabalho.

O MS conta com projetos de Alfabetização na língua materna referentes aos povos do Pantanal e do Cone Sul, onde o Projeto Ação Saberes Indígenas nas Escolas é financiado pelo MEC (Ministério da Educação), e está sendo executado pela UEMS e outras duas universidades do Estado, juntamente com as secretarias municipais e estaduais de educação. Este projeto envolve vários professores indígenas e não-indígenas voltados para a formação de professores alfabetizadores, o que permite repensar o papel da língua materna nas séries iniciais - alfabetização e letramento.


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