quinta-feira, 20 de março de 2014

Entrevista com Cláudio Duarte, o pastor “Cheio de Graça”

Pastor  Cláudio Duarte  - Fotos: Ademir Almeida
Eduarda Rosa com colaboração de Maryuska Pavão
O entrevistado desta semana do Dourados News é o Pastor Cláudio Duarte, 45 anos, que veio até Dourados no final de semana passado para ministrar um curso para casais. É conhecido por vídeos de palestras, postados na internet que fazem sucesso pela forma bem humorada que ele trata e explica assuntos de relacionamentos de casais.

Na entrevista ela fala sobre os eventos que faz, casamento, separação, intolerância, o relacionamento com a sogra e deixa um recado para casado e solteiros.
O pastor Cláudio Duarte é chamado em sua página do Facebook como “Pastor Cheio de Graça”, confira a entrevista:
Duarte é lembrado por seu humor durante as palestras para casais - Foto: Ademir Almeida
Dourados News: Como é ser um pastor cheio de graça?
Cláudio DuarteNa verdade é um grande desafio, porque esse negócio de trabalhar o evangelho com humor não é uma coisa muito fácil é uma linha muito tênue entre você ser engraçado e acabar engraçadinho com uma piadinha mal contada uma situação indelicada. Então é meio que andar em uma corda bamba e com grande parte das pessoas que estão te assistindo querendo que você caia, essa é a grande verdade. Mas é um desafio, e como todo desafio ele trás um prazer imenso e Deus tem me dado graça para sobreviver a essa situação.
D.N: E o senhor é muito criticado?
C.DNão muito, eu tenho um índice de rejeição, mas ele é muito pequeno. Acontece que as pessoas acreditam que Deus seja um velhinho sério, mal humorado e essa não é a minha visão. Mas é claro a gente tem que respeitar.
D.N: O senhor comenta que a bíblia é engraçada que Deus é engraçado...
C.DIsso, eu costumo usar diversos textos até para ilustrar. Há um dialogo entre Deus e o profeta Isaias, e no termino do diálogo, Deus diz assim “A quem enviarei, quem há de ir por nós”, e só tinha Isaias ali, então Deus devia estar brincando. E outra situação foi quando iam prender Jesus no Getsêmani, ele diz “Quem vocês estão procurando, posso ajuda-los”. Então são coisinhas assim que busco fazer com bom humor, mais descontraída, mas meu objetivo sempre é que as pessoas tenham acesso à palavra de Deus. E eu uso o humor como uma ferramenta para viabilizar isso.
Foto: Ademir Almeida
D.N: E quando foi que o senhor começou a usar humor nas suas palestras?
C.D: Na verdade foi por volta de 1992, 1993, na escola bíblica dominical. Eu fui dar aula na escola dominical e lá apareceu esse cara bem humorado, foi ali que começou. E é por isso que eu sei que algo de Deus, pois sempre fui muito introvertido, tinha dificuldade em falar em público, mas depois da escola dominical as coisas tomaram uma dimensão diferente.
D.N: E o senhor é casado?
C.D: Sou casado, já tenho 22 anos de união, tenho dois filhos, dois rapazes, o Caio e o Felipe e minha esposa se chama Meri. E estamos ai nessa caminhada de 22 para 23 anos.
D.N: E qual a sua opinião sobre o casamento?
C.D: [risos]... falando sério, para mim foi uma das coisas mais importantes que aconteceram na minha vida, eu depois de me converter, quando casei eu não tinha nada e tudo o que eu adquiri hoje eu conquistei ao lado dessa mulher. Foi com ela que eu me realizei, com ela que eu tive meus dois filhos, que construí um lar. Tudo aquilo que eu sempre sonhei que diz respeito a uma família, eu tive no casamento. Então o casamento para mim é a melhor coisa do mundo. E eu aconselho todo mundo, casem-se.
Foto: Ademir Almeida
D.N: Mas o senhor tem problemas?
C.DClaro, de vez em quando eu tenho vontade de mata-la com certeza [risos...], ninguém é de ferro, um homicídio doloso [risos...], mas não é nada que não seja contornado.
D.N: E qual o principal problema dos casais hoje?
C.D: Hoje eu acredito que seja a intolerância, as pessoas estão com o nível de tolerância muito baixo com seus cônjuges. Quando o assunto é tolerar, quando há uma pessoa de fora nós toleramos com mais facilidade, somos mais educados, dificilmente você vai gritar com seu chefe, mas com certeza você pode dar um grito com sua esposa e seu marido. Então a intolerância tem sido um grande instrumento para destruir os relacionamentos.
D.N: E como o senhor trabalha isso com os casais?
C.D: Bom, hoje eu costumo dizer que parei de dar conselho para os casais, hoje eu descobri que o sucesso da família está com o próprio casal. Então normalmente eu ouço o casal e então eu faço a mulher dar conselhos para o marido dela e ele para a esposa dele e no final a gente faz com que esses conselhos se aliem e eles consigam praticar. É mais uma consultoria, do que um aconselhamento. E isso tem dado certo. Nós fazemos com que as pessoas tenham um pouco mais de tolerância, sejam mais equilibradas, aprendam a dialogar, a conversar, o poder do dialogo. Como conversar, o que dizer, a hora que deve ser dito. Tudo isso nós temos procurado a ajudar as famílias.

Hoje é o poste que está fazendo xixi no cachorro, os valores estão todos trocados.

— Pr. Cláudio Duarte

D.N: Essa é uma relação de proximidade entre o casal então?
C.D: Isso, lógico. A intimidade ela traz algumas revelações meio bombásticas, ninguém se revela. Se um cara se revelasse imediatamente para uma mulher, ela não seria a mulher dele. As pessoas vão se revelando devagarzinho. Então baseado nisso, a gente vai lidando, fazendo com que as pessoas tenham mais facilidade para ir digerindo essas coisas. Não acumule, não gostou, fala, expõe, diga, faça uma reclamação no bom sentido, “Isso precisa melhorar”, não negligencie o problema, se não ele se potencializa e destrói você. Então é basicamente sempre a mesma coisa, as pessoas sempre perguntam “Pastor tem alguma receita?”, - Não tem não. Não existe uma receita para todo mundo. Cada pessoa, cada casal, cada relacionamento traz consigo as demandas e as pessoas precisam lidar com isso.
D.N: Os casamentos fora das “convenções” duram menos?
C.D: Todo casamento, toda união feita de forma superficial corre o risco de acabar muito cedo, as pessoas mal se conhecem, casam em cima de uma paixão, sabe que não vai durar para sempre, porque paixão do jeito que ela chega, vai embora. Esse é um dos grandes problemas, as pessoas têm casado de uma forma errada e aí a separação acaba se tornando inevitável.
Foto: Ademir Almeida
Eu como pastor sempre vou presar pelo casamento tradicional: cartório, cerimônia religiosa. Isto tudo pesa na hora de pensar em se separar. Se você é casado no papel você tem algo que te prende a mais. Só que hoje os relacionamentos começam ao contrário, a bíblia ensina no Salmo 121, “Bem aventurado aquele que teme ao Senhor e anda nos Seus caminhos, do trabalho do trabalho de tuas mãos comerás, feliz serás, tudo te irá bem, sua esposa será como videira frutífera, teus filhos como rebento da oliveira”, note que o salmista trata assim: primeiro você arruma dinheiro, se resolve pessoalmente; depois arruma uma mulher; depois faz amor com ela e faz filho; mas hoje o cara arruma o filho, primeiro; com uma mulher que ele não conhece; vai morar junto e não sabe da onde a mulher vem, da onde o camarada vem, não sabe nada... está tudo trocado.
Hoje o pessoal não pensa muito nisso, não. Antigamente era vergonhoso uma mulher ou um homem separado, hoje é mais um aí no meio. Está muito superficial, hoje é o poste que está fazendo xixi no cachorro, os valores estão todos trocados.
A bíblia diz claramente para a pessoa se resolver primeiro e seja feliz, com dinheiro, porque família pede dinheiro, aí você arruma uma mulher, casa e faz filho. Se conseguir fazer isso direitinho, o homem e a mulher ser bem resolvido normalmente o negócio vai dar certo. Porque tem um monte de gente mal resolvida se casando para ser feliz, vê se pôde o cara casar para ser feliz? Ele tem que ser feliz, Adão era muito feliz, muito tranquilo.
O difícil não é casar, é ficar sem mulher, principalmente nós que vivemos dentro dos princípios religiosos. Casar é um mal necessário (risos), brincadeira. Mas eu vejo o relacionamento com bons olhos, não sou pessimista a respeito de casamento.

Casais, não se separarem, a não ser que você vá se separar para nunca mais casar, porque se for para você pegar o mau estranho é melhor ficar com o mau conhecido que tem dentro de casa.

— Cláudio Duarte

D.N: E quais foram às situações mais embaraçosas que o senhor já passou?
C.D: Bom, nisso a gente vê de tudo, trabalhando com casal a gente vê de tudo, desde um casal que estava se separando por causa de uma lata de sardinha. Eu fui resolver o problema porque o casal ia embora, por causa de uma lata de sardinha. Eu falei “gente eu vim aqui pra comer a sardinha, eu vou comer essa sardinha e acabo com o problema de vocês” [risos...], mas tudo isso porque ele colocou em cima da mesa, ela não tinha feito o almoço, ela achou que ele estava provocando, porque não sabia o dia que ela teve e por isso não fez, ou seja, no final da história era uma coisa tão pequena acabou se tornando um monstro tão grande. E foram diversas, um tempo atrás chegou uma moça dizendo “Eu vou largar meu marido”, a relação sexual deles não estava muito bem e ela comprou um espartilho para motiva-lo. E ela apareceu com o espartilho, o cara um assembleiano [Assembleia de Deus] fervoroso cismou que ela estava com uma pomba gira e quis orar pela senhora e ela apareceu lá em casa chorando, perguntando o que deveria fazer [risos...]. Então histórias são que não faltam, mas é isso que estou te falando a gente vai tratando com bom humor fica mais fácil de digerir, mais fácil as coisas. Eu procuro tratar as coisas bem assim.
D.N: Depois de casado, como fazer para ter um bom relacionamento?
C.D: Hoje, o cara joga uma bola todo sábado, depois do futebol tem um churrasco, daí o cara casou e sábado à tarde a mulher está a fim de ir ao shopping e aí? O futebol ou a mulher? Vai ter dia que vai ser o futebol, vai ter dia que vai ser o shopping. Não pode pensar que “todo dia é o meu dia”, tem que revezar.
Foto: Ademir Almeida
D.N: E o relacionamento com a sogra?
C.D: A sogra não é muito vilã, não. É que existem uns homens ‘bananas’, que não conseguem cortar o cordão umbilical. Mulher brasileira, normalmente, cria filho para casar com ela, por que a mulher brasileira gosta muito do filho, mas muito... já em outras culturas, o menino deu uma idade, ele vai viver a vida dele. Como a mãe brasileira dedica muito tempo ao filho, ele cresce, casa e vai embora, daí ela fica com o marido perdida dentro de casa, ou seja, quem ela queria que ficasse foi embora, o cara que ela queria que fosse embora ficou... (risos), então agora ela tem que lidar com essa situação.
Mas eu acho que ainda assim, os grandes problemas com sogra ou são de casais que casam sem ter uma estrutura e vão morar com a sogra, porque tem muito mais nora morando com sogra do que sogra morando com nora.
D.N: Que recado o senhor tem para dar para os casais?
C.D: Bom para os casais não se separarem, a não ser que você vá se separar para nunca mais casar, porque se for para você pegar o mau estranho é melhor ficar com o mau conhecido que tem dentro de casa. Então é melhor você tolerar esse monstro que você já casou [risos...]. Então eu digo que sou contra o divórcio, acho que o divórcio é uma besteira, eu acho que as pessoas precisam aprender a se respeitarem um pouco mais, a se amarem, a aprender a dividir o mesmo espaço, aprender que não dá pra ter razão e ser feliz ao mesmo tempo, são duas coisas distintas, no casamento ou você é feliz ou você tem razão. Se você quer ter razão esquece em ter felicidade. Se quer ser feliz esquece a razão. Então é praticamente esse jogo de cintura, que todo relacionamento exige, mas muito mais o casamento conjugal.
D.N: Para os solteiros?
C.D: Para os solteiros eu digo, “venha sofrer conosco, casem-se, [risos...] vem pra cá”. Eu acho hoje muitos olham pro casamento de uma forma meio errada, as pessoas tem um certo medo, traz responsabilidade, e traz mesmo, mas vale a pena casar. Se eu olhar para a minha vida de solteiro e a de casado, foi o melhor negocio que eu fiz na vida foi me casar, isso eu aconselho, só não tenha pressa. O menor índice de divórcio hoje, são das pessoas que se casam depois dos 28 anos, é fácil entender isso, porque são mais maduros emocionalmente, mais encaminhadas financeiramente, então as coisas se tornam mais fáceis. Mas não fique desesperado para casar, isso que eu digo para os solteiros, “espera um pouquinho, veja alguém que professa a mesma fé que você” sempre assim. Então sempre digo, para a unidade dos solteiros casem-se.

http://www.douradosnews.com.br/especiais/entrevistas/entrevista-com-pastor-claudio-duarte-o-pastor-cheio-de-graca

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