quarta-feira, 16 de abril de 2014

Obra que revela parte da história de Dourados é publicada 49 anos após ser escrita

O livro “Monografia do Município de Dourados” foi lançado 49 anos depois de ser escrito por Ercília Pompeu - Foto: Ademir Almeida
Eduarda Rosa
Era uma vez um pequeno vilarejo no interior do Estado do Mato Grosso, chamado Dourados... e quem poderia imaginar no início de 1900, com cerca de 50 habitantes, que essa vila cresceria e chegaria a população de mais de 200 mil, em 2014?
Quase ninguém, principalmente naquela época em que os transportes e comunicações praticamente inexistiam na região. Mas a história não deixou de ser registrada e em 1965 Ercília de Oliveira Pompeu ganhou o primeiro lugar no concurso de monografias, com a obra “Monografia do Município de Dourados”.

A motivação do concurso foi justamente para não deixar perder momentos que só estavam na mente dos pioneiros.
Ercília Pompeu - Foto:Ademir Almeida
O relato de Ercília foi publicado no final de março deste ano, como fora escrito na década de 1960. “O resgate desta monografia deve-se a Sireunise Camargo Dorta, secretária de educação em 1985, que na ocasião da comemoração ao cinquentenário do aniversário da cidade elaborou em datilografia o texto original, segundo o historiador Carlos Magno Amarilha.
A monografia é uma narração de registros do início de Dourados desde 1884, contando a chegada das primeiras famílias e profissionais.
Carlos Magno Amarilha, historiador e presidente da comissão de revisão histórica de Dourados - Foto: Ademir Almeida
“No ‘calor da hora’ de 1965, Ercília como mulher submissa, casada, mãe de filhos escreveu conforme a época, por exemplo, neste trecho: ‘chegava do Paraná Joaquim Teixeira Alves, pai de João Carlheiro e Salustiano Alves, e da esposa de Homero Luiz da Silva’, pode-se perceber que não fala o nome da mulher, fala só o nome do esposo”, explicou o historiador.
O livro foi publicado por intermédio da Comissão de Revisão Histórica de Dourados, formada no ano passado para discutir temas que ainda trazem polêmica na história local.
Amarilha, presidente desta comissão, explicou que os ícones mais discutidos são: “Terra de Antônio João” e a data 20 de dezembro. “Por exemplo, Dourados completa oficialmente 100 anos em 2014. Em 15 de julho de 1914 transforma-se em distrito, até aí são os documentos oficiais. Contudo tem alguns livros do IBGE com informações que mostram Dourados em 10 de abril de 1900 como paróquia de Ponta Porã. Mas isso em termos de documento não é real”, esclareceu.
O objetivo principal da comissão é fazer com que os vereadores possam ter subsídios para discutir o assunto na Câmara de Vereadores, “porque para nós é importante a data simbólica, para a gente ter uma identidade”, finalizou o historiador.
Ercília de Oliveira Pompeu
Nasceu em Rio Brilhante, em 1918, mas foi trazida para Dourados com um mês de vida para morar com o avô João Rosa Góes, influente comerciante.
Ercília morreu em 2008, porém em vida era considerada uma ‘voz autorizada da história’, foi fonte de muitas entrevistas para jornais. Tinha pouco estudo, teve seu casamento arranjado e foi mãe de quatro filhos douradenses.
Foi uma das fundadoras do Lar da Criança Santa Rita de Cássia. Ajudou na construção de igrejas, principalmente da Catedral, arrecadando fundos. Ensinava catecismo às crianças.

http://www.douradosnews.com.br/cultura-lazer/obra-que-revela-parte-da-historia-de-dourados-e-publicada-49-anos-apos-ser-escrita 

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