terça-feira, 29 de abril de 2014

'Não falam que trabalho com esgoto, mas com m...', diz limpador de fossa

Eduardo Marcondes Marques trabalha há cinco anos desentupindo fossas - Foto: Ademir Almeida
Eduarda Rosa
A história de hoje dá seguimento a série de quatro matérias especiais que o Dourados News  promove até 1º de maio, quando de comemora o Dia do Trabalho. Ontem, contamos como é o trabalho do perito criminal André Kioshi, e agora mostraremos Eduardo Marques, que atua como desentupidor de fossa. Confira:
O cheiro de esgoto não é nada agradável e para quem tem como profissão ser desentupidor de fossa, é preciso não ter ‘frescura’.

Eduardo Marcondes Marques, 35, trabalha no segmento há mais de cinco anos e cita o que mais atrapalha. “O pior é o cheiro, pois não tenho que colocar a mão em nada, os equipamentos fazem tudo, coloco a mangueira no buraco da fossa e a bomba a vácuo suga para o tanque do caminhão, eu não vejo nada, só sinto o cheiro se o vento estiver voltado para mim, mas é muito difícil”, contou.
Contudo ele confessa que não é um trabalho fácil e se a pessoa tiver nojo não consegue fazer o serviço, principalmente para desentupir caixas de gorduras.
Os dejetos são espejados na Estação de Tratamento de Esgoto - Foto: Ademir Almeida
“Mas ainda tem preconceito. As vezes o caminhão chega numa casa e as pessoas já vêm com o nariz tampado, falam que tem nojo e já sai de perto. Existe o preconceito também quanto a profissão, não falam que trabalho com esgoto, falam que trabalho com m..., mas eu não esquento com isso”, contou.
Desentupir fossa é um trabalho como qualquer outro, além de ser um serviço necessário, assim como a coleta de lixo.
profissional limpa de duas a três fossas por dia, também desentope caixas de gorduras e esgota banheiros químicos de eventos. Ele trabalha cerca de 8h por dia, ganha R$ 1.500 já com os descontos, além das horas extras.
“Eu gosto do serviço, é tranquilo, e eu só tenho a 5ª série, é difícil ganhar mais que isso como motorista, por exemplo. E hoje a visão de coisa nojenta não existe, porque eu não toco em nada”.
Foto: Ademir Almeida
Porém antigamente, sem as tecnologias, o pai de Sérgio Alber de Souza, que hoje é o proprietário da empresa de auto fossa, tinha que colocar a “mão na massa”.
“Os equipamentos eram mais manuais, a bomba fazia a sucção, mas o resíduo mais sólido que tinha dentro da fossa não saia. A limpeza da caixa de gordura era feita manual colocava uma luva que chegava até o ombro e tinha que colocar a mão – agora você estica a mangueira, faz a sucção e não faz sujeira nenhuma”, lembrou Souza.
Em Dourados há seis empresas legalizadas e as limpezas das fossas custam em média R$ 100. Os dejetos são despejados na Estação de Tratamento de Esgoto.
“É difícil essa profissão acabar, pois mesmo a cidade tendo 100% de esgoto, ainda é necessário. Por um lado, diminui a limpeza de fossa, mas aumenta os desentupimentos, limpezas de caixas de gordura e esgotamento de banheiros químicos”, disse Sérgio de Souza.

http://www.douradosnews.com.br/dourados/nao-falam-que-trabalho-com-esgoto-mas-com-m-diz-limpador-de-fossa

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