Eduarda Rosa
“Sobressalto” significa movimento brusco, ocasionado por uma sensação súbita. Foi assim que o movimento “SobreSaltos”, criado por acadêmicos de artes cênicas de Dourados, interferiu na rotina, inclusive a do papa Francisco, além de muitas outras pessoas que viram homens andando normalmente de salto alto pelas cidades.
Os universitários douradenses, Stélio Constantino Barbosa e Nizael Flores de Almeida, ficaram mundialmente famosos após a intervenção “Sobre Saltos” ser realizada no Rio de Janeiro e um fotógrafo registrar e noticiar que se tratava de um protesto contra a vinda do papa ao Brasil, durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ).
Mas aquela não era a primeira vez, eles faziam as intervenções por onde passavam, já realizaram em Dourados, Campo Grande, Rio Brilhante, Nova Alvorada do Sul, Brasilândia, Água Clara, Recife (PE), Rio de Janeiro(RJ), Araçatuba (SP) e Presidente Prudente (SP).
As intervenções intituladas de “SobreSaltos” foram criadas pelos acadêmicos, depois de discussões e estudos sobre gênero na faculdade. Na pesquisa eles queriam saber qual seria a reação das pessoas ao verem homens, vestidos de homens e andando de salto alto.
“Na primeira vez ficamos decepcionados, pois não vimos as reações. Então tivemos a ideia de fotografar, pois a reação é posterior. A pessoa vê, identifica o estranho, pois ‘homens não usam salto', mas ignora e só depois que o homem de salto passa é que vai comentar com a pessoa do lado e se virar para comprovar”, explicou Nizael de Almeida.
Nizael de Almeida na exposição "SobreSaltos" - Foto: Eduarda Rosa
Antes de realizarem o percurso de salto, eles fazem o percurso normalmente e depois refazem de sapato de salto alto para verem a reação das pessoas que ficaram paradas no mesmo local.
As fotos foram em geral tiradas por fotógrafos amadores, com câmeras digitais e sem a intenção de que os transeuntes percebessem a presença e registro da atividade. “Esse modo de registro permitiu retratar a reação natural dos transeuntes que muitas vezes é omitida publicamente”, disse Almeida.
Exposição “SobreSaltos”
Lá o visitante se deparará com diversos elementos representativos como o tapume de construção civil e fotos impressas em folhas de fax, além de outros que foram utilizados para a composição das fotografias como as fitas adesivas e os próprios sapatos de salto alto.
A fita adesiva foi objeto de estudo cênico e sonoro para os acadêmicos, por isso também a utilizaram na composição do trabalho, além de dar mais estabilidade para eles que não são acostumados a andar de salto. “Nossa intenção é mostrar o que estava escondido e marginalizado, fazer com que cada pessoa sai com uma impressão daqui”, finalizou Nizael Almeida.
A exposição de fotos “SobreSaltos” reuni imagens de diversos fotógrafos (Nizael Almeida, João Rocha, Marilice Cristina Werlang, Casemiro Vicente dos Santos Neto, Tati Hauer, Ana Karina Barbieri Marques e Marcio Antunes) da intervenção artística de diversas cidades.
Exposição "SobreSaltos" - Foto: Eduarda Rosa
Veja algumas matérias internacionais em que os douradenses apareceram:
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