Secretário geral da Anistia Internacional, Salil Shetty - Foto: Eliel Oliveira/Diário MS
Eduarda Rosa
O secretário geral da Anistia Internacional, Salil Shetty, e o Diretor Executivo da Anistia Internacional no Brasil, Atila Roque, visitaram ontem (7) a Reserva Indígena de Dourados com o objetivo de ter diálogo direto e conhecimento da situação dos povos indígenas locais.
Ao Dourados News, Shetty disse que a reserva pode ser comparada a uma favela, “eu acabei de chegar das favelas do Rio de Janeiro e essa comparação pode ser feita, pois assim como as favelas as reservas são considerados territórios extrabrasileiros. Onde os jovens não têm direitos, é quase como uma zona de guerra onde as violências acontecem e ninguém questiona”.
Diretor Executivo da Anistia Internacional no Brasil, Atila Roque - Foto: Eduarda Rosa
O direito executivo da Anistia no Brasil, Atila Roque, disse que a situação em que a reseva de Dourados vive é uma consequência do longo histórico de supressão dos direitos, “é decorrente do acúmulo em longos prazos de povoados em território pequenos. Eles têm que ter o território para produzir os itens para sua subsistência, hoje o território é muito pequeno, o que deveria ser do índio é usado para produção do agronegócio. É preciso que se equacione o território de acordo com o modo de vida dos povos indígenas para sua subsistência”.
De acordo com Roque, a presença do secretário geral é simbolicamente importante, pois reforça os direitos dos povos indígenas, o fim da impunidade e da violência.
“Em 10 anos, 12 lideranças indígenas assassinadas na região, já estamos em um caso limite de urgência e emergência. A situação tem um potencial explosivo em decorrência da violência e da precariedade das condições de vida”, disse direito executivo da Anistia no Brasil.
Na reunião ocorrida na reserva de Dourados participaram 20 líderes indígenas do Mato Grosso do Sul e a principal reivindicação é que o governo resolva o problema da demarcação.
Segundo Salil Shetty, há 25 anos a Constituição Federal foi homologada e defende os direitos de demarcação, contudo isso não aconteceu “eles estão sendo empurrados para fora da sua terra, então o resultado acaba sendo a violência”.
“A conclusão foi que ouvimos testemunhos de ataques aos direitos humanos, visitamos cemitérios, ouvimos depoimentos de mortes que passaram impunemente. Os direitos humanos são para os indígenas e não índios, não existem zonas livres de direitos humanos”, disse Shetty.
O indígena da Aldeia Cachoeirinha, de Miranda, Elvis Terena, falou que estão esperançosos que com a ajuda da Anistia, mas diz que se sentem esquecidos pelo governo, “muitas vezes o governo é aliado do agronegócio e deixa os que já eram dono da terra de fora. Se não houver ações do governo vamos fazer as demarcações com as próprias mãos, pois se não demarcar vai continuar a disputa com os fazendeiros”.
Nessa quinta-feira (08) os lideres da Anistia se reunirão com o Ministro da Justiça, Direitos Humanos e com o secretário da presidência, pois segundo Salil Shetty a presidente Dilma não quis ouvi-los.
“Levaremos a mensagem para o mundo, faremos um relatório para os integrantes da Anistia, que são mais de três milhões no mundo. O governo é lento na solução da demarcação de terras indígenas e o que podemos fazer é cobrar do Estado brasileiro”, disse o Diretor Executivo da Anistia Internacional no Brasil, Atila Roque.
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