Por: Eduarda Rosa
Escolas indígenas ensinam guarani e português |
Com a constituição de 1988, a
população indígena garantiu direito ao ensino da língua materna e uma pesquisa
desenvolvida na UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul) registrou a
realidade da mistura cultural presente na educação das escolas indígenas de
Mato Grosso do Sul.
A professora da UEMS, Renata
Lourenço, no desenvolvimento da pesquisa intitulada "Os 'novos movimentos
sociais' e a luta por educação dos professores indígenas" retratou que em
MS os movimentos de professores lutando pela conquistas legais dadas pela constituição
começaram na década de 1990.
Nos primeiros encontros dos docentes,
o entendimento de uma educação diferenciada foi, e ainda é, bastante
problematizada e conflituosa no seio da comunidade indígena, pois alguns
achavam ser um retrocesso, segundo a professora. Contudo ficou registrado deste
momento que a escola indígena deveria ensinar a língua guarani, mas
também o português como segunda língua.
Depois deste período, a
educação escolar indígena, alicerçada nos modelos da escola não-indígena,
avançou: escolas foram construídas nas áreas indígenas e a formação de
professores se difundiu. "Contudo, os saberes indígenas, e a própria
organização pedagógica da escola visando a autonomia e a descolonização de suas
práticas, continua sendo os principais desafios", ressalta Renata
Lourenço.
Houve
avanços, e nesta última década, em reconhecimento à realidade multicultural,
foram promulgadas Leis que determinam que as instituições de ensino
fundamental, médio e superior insiram em seus componentes curriculares conteúdos
relativos à História da África e da cultura afro-brasileira e o ensino de
História e Cultura Indígenas, possibilitando abertura para diálogos com os
conhecimentos destes povos.
Com isso,
escolas que contam com a presença de indígenas, ou cidades que contam com esta
população, assumem a responsabilidade de promoverem nas escolas a reelaboração
dos conhecimentos socio-educacionais, "devendo construir práticas efetivas
de relações interculturais, na perspectiva da interculturalidade crítica, a
partir do diálogo entre os diferentes saberes, onde a ‘diferença’ seja abordada
como valor positivo na busca pela superação da ideia de superioridade e
inferioridade de saberes", destaca o trabalho.
O MS conta
com projetos de Alfabetização na língua materna referentes aos povos do
Pantanal e do Cone Sul, onde o Projeto Ação Saberes Indígenas nas Escolas é
financiado pelo MEC (Ministério da Educação), e está sendo executado pela UEMS
e outras duas universidades do Estado, juntamente com as secretarias municipais
e estaduais de educação. Este projeto envolve vários professores indígenas e
não-indígenas voltados para a formação de professores alfabetizadores, o que
permite repensar o papel da língua materna nas séries iniciais - alfabetização
e letramento.
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