Gleice Jane Barbosa é vice-presidente do Simted de Dourados - Foto: Ademir Almeida
Eduarda Rosa
A entrevista desta semana é com a vice-presidente do Simted (Sindicato Municipal dos Trabalhadores em Educação) , Gleice Jane Barbosa, de 34 anos. Ela é professora de rede estadual, formada pela Uems (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul) e desde a época acadêmica atua no movimento estudantil.
Na entrevista concedida ao Dourados News ela fala sobre o movimento grevista, a realidade da educação em Dourados, os problemas de saúde que vem gerando afastamentos na área, o 'autoritarismo', segundo a mesma, da administração municipal e a desvalorização profissional.
Ela também relata o regime de autoritarismo que os servidores estariam passando em toda a rede pública.
Confira:
Dourados News: Em sua opinião, como a educação em Dourados é avaliada no geral [Municipal e Estadual]?
Gleice Jane Barbosa: Nós temos problemas nas duas redes, a rede estadual foi abandonada pelo governo do Estado. Nos últimos anos houve muito fechamento de salas de aula, períodos noturnos inteiros fechados, o que prejudicou muito a vida dos estudantes.
Na rede municipal a gente vem enfrentando problemas desde o ano passado, quando o governo retirou programas importantes como o PAE (Programa de Acompanhamento Escolar), tirou os professores da sala de tecnologia, acabou com a licença PRÊMIO de todos os servidores, o que também desmotiva os trabalhadores, tentou fechar escolas, então a gente vem de um processo com a administração de muitas perdas.
No ano passado ao invés de avançar, começamos de novo a ter retrocesso, a gente até chegou a achar que poderia ter condição de ter uma política salarial com o prefeito, que ele chegou a negociar isso em abril e recuou de novo. Então estas coisas vão desmotivando, desanimando a categoria e isso também interfere no trabalho e na qualidade da educação. Por que todos os pesquisadores e todos os estudiosos vêm dizendo que valorização profissional é fundamental para a qualidade da educação.
Manifestações acontecem desde março - Foto: Ademir Almeida
Ddos News: Qual a quantidade de educadores nas duas redes?
Gleice Barbosa: Em média 5 mil educadores.
Ddos News: Esses números são suficientes?
Gleice Barbosa: Na medida do que os governos têm se proposto a fazer, sim. Porque a rede estadual fechou muitas salas de aula, então o número de professores também reduziu. O que a gente tem percebido é que as políticas governamentais ao invés delas avançarem, elas têm dificultado ainda mais e prejudicado muito a educação. Então o número de professores hoje vem acompanhando a demanda das escolas. Então tem professores para as salas, porém a gente tem percebido as salas de aula superlotadas, isto também já uma demanda de falta de professores e de uma política de governo.
Existe muita necessidade de se abrir vagas nos centros de educação infantil, então isto demanda mais contratação de professores. A gente vem brigando na rede municipal para que tenha um concurso dos professores e também do pessoal administrativo, desde o ano passado a gente vem brigando, já fizemos a denúncia no Ministério Público, estamos aguardando aí algumas respostas, mas é necessário contratar mais para poder dar conta do que a gente tem.
Tanto contratar mais professores, como construir novas escolas, a gente precisa ampliar a educação no município sem dúvida alguma!
Ddos News: No ano passado a administração municipal falou que só iria trabalhar com os alunos até a 5ª série?
Gleice Barbosa: O ano passado a gente teve uma política com ausência de inteligência por parte da administração municipal. A secretária chegou à mídia e disse que ia assumir todas as salas do 1º ao 5º ano e ia transferir do 6º ao 9º ano para a rede estadual, ela chegou a confirmar isso. E isto é uma política completamente equivocada, porque não resolve o problema do município, que vem dizendo que está sobrecarregado porque o Estado se ausentou, mas a troca de salas não resolve o problema e prejudicaria muito os trabalhadores, porque os professores da rede municipal que estão concursados. Hoje do 6º ao 9º não teria vagas para trabalhar e os professores do 1º ao 5º também não, isto implicaria do trabalho de quem é efetivo, é uma política que não contribui em nada com a educação, mas que prejudica muito a vida dos trabalhadores.
Ddos News: Recentemente o Simted divulgou um estudo junto do Previd sobre os servidores da educação afastados. Como estão esses números atualmente?
Gleice Barbosa: O número de servidores afastados por questões de saúde sempre tem aumentado, a gente tem percebido que as pessoas têm adoecido bastante, as condições de trabalho não tem favorecido a permanência no trabalho. Muita pressão psicológica na cabeça dos professores, as condições de trabalho não são boas, isto gera problema de saúde.
Para o administrativo a gente percebe situação tão igual a dos professores, falta trabalhadores, falta funcionários, também não abre concurso. Estes trabalhadores também se sobrecarregam de trabalho, na ausência de um o outro tem que cobrir o trabalho e aí a questão física mesmo, o corpo das pessoas não suportam a carga de trabalho que o pessoal administrativo hoje tem.
Então tem aumentado bastante o número de pessoas com problema de saúde e a administração precisa se atentar logo a isso e tratar as políticas, porque isto num próximo período e não muito a longo prazo, se criará um caos na educação, principalmente no serviço administrativo onde percebemos que a ausência de trabalhadores faz com que o outro também adoeça. Porque um fica doente, o outro assume o trabalho deste que está doente, que também adoece e daqui a pouco ele também sai. Então a gente está vivendo um caos do serviço, principalmente no administrativo, é um efeito dominó.
Entre os professores, quando um adoece o município ainda é obrigado a contratar outro para colocar no lugar, mas no serviço administrativo, não. No serviço administrativo se não tiver uma política de prevenção, a tendência é contribuir para que isso aumente.
Agora com os professores também é necessário que o governo tenha uma atenção especial, tanto o governo municipal como estadual, porque um número muito grande de servidores afastados significa um número muito grande de contratações para suprir esta necessidade, então isto só aumenta as despesas do município. Hoje o município não tem feito um trabalho de prevenção à saúde do trabalhador, isto se agrava também nas próprias contas do município.
"A gente tem percebido que as licenciaturas de um modo geral tem diminuído a cada ano", disse Gleice - Foto: Ademir Almeida
Ddos News: Quais as principais doenças dos afastamentos?
Gleice Barbosa: No serviço dos professores tem muito problema de saúde mental, problema da voz e do braço, por conta de escrever no quadro. No serviço administrativo muito problema de coluna, problemas do corpo mesmo, a cozinheira precisa fazer comida naquele panelão enorme, mexer aquela panela, lavar aquela panela, são exercícios de peso que usam muito os braços. As faxineiras precisam arrastar as carteiras do lugar e na rede estadual ainda tem um agravante que tem algumas escolas que estão recebendo umas carteiras extremamente pesadas, então para poder afastar, arrastar estas carteiras de um lugar para o outro, isto só prejudica mais as trabalhadoras.
Ddos News: Nas UNIVERSIDADES, a licenciatura atrai os estudantes?
Gleice Barbosa: A gente tem percebido que as licenciaturas de um modo geral elas tem diminuído a cada ano. Esta falta de uma política de investimento para o trabalhador da educação tem feito com que as pessoas não tenham vontade de serem professores. Quando a gente pergunta em sala de aula ‘quem quer ser professor?’, lá no primeiro aninho as crianças acham que sim, mas no ensino médio ninguém mais tem esta pretensão, é raríssimo você entrar o jovem que diga, ‘eu vou ser professor!’, porque ele tem a opção de todas as outras profissões, a de professor é a última.
As licenciaturas de modo geral no Brasil sofrem com isto e aqui na região a gente percebe que isto é bastante sério também. As licenciaturas aqui cada vez mais tem um número menor de pessoas e as que estão se formando também não tem interesse em vir para a educação, estão procurando outros TRABALHOS, outros lugares, porque de fato é uma atividade estressante. Educação não é um trabalho fácil, não é tão simples e as pessoas que tem disposição para fazer não são valorizadas, não tem muito incentivo para as pessoas trabalharem.
Ddos News: Quais os principais problemas encontrados no setor em geral?
Gleice Barbosa: A valorização profissional. Temos problemas diferentes, nos últimos anos a gente tem sentido um autoritarismo nas escolas, uma falta de democracia, isto tem sido muito difícil. Em alguns lugares o pessoal está sempre revidando, se organizando. Este autoritarismo vem acontecendo por parte das políticas governamentais, porque embora a direção da escola resista as pressões, tem algumas que são reprodutoras das políticas dos governos. Claro que tem diretores que compreendem que não é este o processo e tem feito um trabalho diferente.
O autoritarismo do governo tem chegado às escolas e isto tem sido muitas vezes sufocante, e tudo que sufoca uma hora isto tende a explodir. Percebemos que nas escolas de uma forma geral, e aí não é só em Dourados, existe uma bomba para explodir a qualquer momento em vários municípios, principalmente na rede estadual. Aqui em Dourados na rede municipal o governo tem adotado as práticas do governo estadual e isto tem sido bastante ruim nas escolas.
Educadores tem se reunido em assembleias - Foto: Ademir Almeida
Ddos News: Como você definiria este autoritarismo?
Gleice Barbosa: O professor da rede estadual, hoje, não tem o direito nem de decidir a ordem dos conteúdos que ele vai aplicar, isto já vem tudo pronto. Eu sou professora da rede estadual e a gente tem muita dificuldade quando já vem com uma coisa pronta para você trabalhar com alunos que não estão preparados para receber isto.
Temos tido muita imposição da política do Estado sem ouvir aquilo que é necessário a partir das escolas. Às vezes você tem três salas de aula de sexto ano, uma diferente, então você acaba tendo dificuldade de trabalhar.
A rede Estadual tem sido extremamente autoritária no sentido de não dar garantia para que a gente organize, pense um planejamento mais autônomo. Isto é o cúmulo na educação, é uma situação que a gente está refém de um sistema autoritário.
O autoritarismo do município não entra na questão específica pedagógica, mas tem também. Percebemos que professor convocado era feito através de uma seleção e seguia a ordem de classificação. Eles tinham muito mais autonomia, porque não iam para as escolas porque alguém queria eles, os professores iam para a escola porque eles tinha passado em um processo seletivo. Hoje os professores são cargos de confiança nas escolas, então quando você é cargo de confiança você não tem autonomia no seu trabalho, então tanto na rede estadual quanto municipal os professores convocados tem sido bastante pressionados.
Ddos News: Em relação às manifestações, elas atingiram apenas a rede municipal, por que isso aconteceu?
Gleice Barbosa: O Simted dialoga direto com o governo municipal, a Fetems que é a nossa federação, ela quem organiza a luta em âmbito estadual. Nós chamamos a Fetems para organizar esta luta em âmbito estadual, para fortalecer a luta dos trabalhadores da educação de um modo geral e combater esta política de transferência para a rede municipal. As salas que são fechadas, os turnos completos fechados, isto primeiro atacou a rede estadual, então a gente tem chamado a Fetems para esta discussão, mas neste momento as mobilizações têm acontecido na rede municipal, porque o governo municipal no último período não fez reajuste salarial e tem atacado gravemente o direito dos trabalhadores, e os trabalhadores tem conseguido se organizar e se manifestar melhor, porque na rede estadual tem que se organizar com todos os outros municípios, na rede municipal a gente tem autonomia aqui dentro do município para tomar as decisões, então por isto elas acontecem mais na rede municipal.
Gleice disse que há conversas com a administração municipal, contudo não existe avanço nas negociações - Foto: Ademir Almeida
Ddos News: Existe realmente a falta de diálogo com a administração municipal?
Gleice Barbosa: Depende pelo que a gente entende por diálogo. O prefeito tem sentando-se à mesa para conversar com a gente a cada 15 dias, um mês. Agora, quando a gente fala, mas não conseguimos melhoras, aí a gente tem realmente a dificuldade do diálogo. Então o que temos percebido é a conversa, mas as propostas não são encaminhadas.
E quando são aceitas, elas também não são encaminhadas. Por exemplo, o que nós estamos brigando agora? O que nós estamos reivindicando? Em abril o prefeito propôs para a gente uma política salarial, nós aceitamos a política que ele propôs, 15 dias depois nós cobramos porque isto ainda não tinha ido para a Câmara de Vereadores, já que precisaria virar projeto de lei e aí ele nos chamou e disse que não iria mais cumprir com o que ele havia prometido.
Se a gente entender que diálogo é uma continuação de uma conversa e que esta conversa tem que ter avanços, então realmente nós estamos tendo dificuldade de diálogo com o governo. Porque ele não tem conseguido avançar nas negociações, muito pelo contrário, ele retrocedeu as negociações.
Uma das nossas reivindicações é a política de piso salarial nacional para uma carga horária de 20 horas. Hoje o piso nacional é R$ 1.697 para uma carga horária de 40 horas, o município de Dourados tem pagado o valor do piso do ano passado. Então Dourados não tem pagado o valor do piso para uma carga horária de 40 horas, e com isso nós estamos reivindicando agora que ele pague o piso e que tenha uma política, que este piso passe, até 2019, a ser pago para uma carga horária de 20 horas, então é para dobrar um valor que é muito baixo, que é R$ 1697, um valor de mais de R$ 3 mil para uma carga horária de 40 horas.
Nós fechamos esta negociação em abril com ele, mas ele não conseguiu pagar, depois ele disse que ia discutir isto para avançar no dia 5 de julho e até esta data nós teríamos a definição. Nós sentamos a mesa com ele até a data estabelecida, depois disso mais uma vez eles não conseguiram discutir. Na terça-feira ele apresentou uma nova proposta querendo dar o reajuste salarial mais o piso para 20h. Então está sempre prolongando as discussões, os prazos que ele estabelece não tem cumprido.
Na segunda-feira (14) na mesa de negociação eu perguntei a ele, ‘porque adiar essa política de piso, o que faz a prefeitura querer isto, ele tinha proposto o primeiro para outubro, mas porque não fazer agora?’. Não tem nenhuma justificativa legal e nem política para fazer em outubro, não tem nenhuma explicação para isto, ele disse apenas para a gente continuar conversando, mas nós já estamos conversando desde fevereiro. A gente precisa de atitude da administração, pois até agora tem só conversa.
Ddos News: Por que na época de negociação vocês têm sempre que ameaçar greve?
Gleice Barbosa: Já faz o segundo ano consecutivo, mas a rede municipal sempre tem uma história. Dourados é um dos municípios do Estado onde a categoria é bastante organizada e onde a gente está sempre lutando, discutindo muito a política da educação. Então aqui o pessoal sempre está com disposição para fazer os enfrentamentos para qualquer governo, é uma prática de Dourados. sempre ameaçamos greve porque a temos um histórico de prefeitos que não tem valorizado a educação e é o meio que a gente tem. Estamos sempre lutando, reivindicando, discutindo, o Sindicato passa o ano inteiro conversando com a administração municipal sobre várias pautas, mas chega no período de negociação salarial a gente acaba tendo que ameaçar uma greve, porque os governos estão sempre recuando e os avanços são sempre muito pequenos.
*Ano passado tivemos 7% de reajuste, este ano a briga era por 8,31% e o governo não conseguiu nem dar isso, é difícil não ter que fazer greve. Já o administrativo nem isso tem conseguido, não ultrapassam a reposição das inflações. *
Ddos News: E em relação ao governo do Estado, como fluem as negociações?
Gleice Barbosa: O governo do Estado também tem sido bastante autoritário, nós perdemos muitos direitos também na rede estadual - perdemos o fundamental, a democracia – mas na rede estadual não tem tido a mesma organização que tem tido a rede municipal em Dourados. Temos percebido que em outros municípios não temos feito enfrentamentos ao governo do Estado, não porque ele não tenha merecido, pois vem sendo muito autoritário, falta um pouco mais de organização no Estado da categoria para poder reivindicar um pouco mais.
Educadores seguem com greve por tempo indeterminado. Em março deste ano (foto), profissionais fizeram um dia de paralisação em prol das negociações (Foto: Arquivo/Ademir Almeida)
Ddos News: Houve uma cobrança do Simted em relação à Fetems na participação das negociações, por quê?
Gleice Barbosa: A gente vem sofrendo aqui em Dourados o processo de municipalização da educação, já a vários anos a rede estadual vem transferindo a responsabilidade da educação do 1º ao 5º, várias salas também do 6º ao 9º, e toda a educação infantil para o município. Há muito tempo o Simted, de outras direções, vem alertando, inclusive os governos municipais, que uma hora a bomba ia explodir e o município não ia dar conta de assumir tudo isso sozinho.
Nos últimos oito anos o governo do Estado começou a fechar muitas salas de aula e aqui em Dourados nós fizemos as nossas mobilizações, impedimos que fechasse o Daniel Berg, que era uma escola que tinha uma política do governo que iria fechar todo o ensino noturno, entao nós conseguimos manter algumas salas ainda abertas. O Abigail [Borralho] foi uma situação triste de ver. Tínhamos o EJA (Educação de Jovens e Adultos) e um monte de projetos no local. Cinco projetos no decorrer do ano com os alunos, uma escola super alegre, que tinha alunos que estavam indo para a universidade do EJA, tinha muita produtividade e o governo chegou e fechou.
Lutamos praticamente sozinhos aqui em Dourados, por conta desses fechamentos. Neste momento começamos a perceber que isto era o que a gente vinha alertando, nós sempre alertamos os governos municipais e percebemos que lutássemos sozinhos e era necessário que a Fetems tomasse esta luta também, porque quem negocia com o governo do Estado é a Fetems, então ela tem a obrigação de organizar a luta contra a municipalização da educação. Então ela que tem que acionar o governo do Estado, ela precisa conversar com os outros municípios, precisa dialogar, discutir esta política de municipalização e a forma como ela tem sido feita.
Porque do jeito que tem sido feito, o governo do Estado transfere os alunos para o município, mas fica com toda a verba transferida do governo federal no ano que ele transferiu o aluno, porque a verba vem referente ao número de pessoas do ano anterior. O censo deste ano já determinou um número 'X' de alunos e no ano que vem o Estado vai receber de acordo com este número, só que no ano que vem ele já vai ter transferido estes alunos para a rede municipal. Então a rede estadual tem trabalhado com folga nos últimos anos, folga financeira e tem jogado responsabilidade para o município de maneira geral. Isto tem sido muito colocado na mesa do prefeito também aqui, então a Fetems precisava vir para poder acionar o governo do Estado com relação a esta política contra a municipalização.
Ddos News: Como é o atual relacionamento do Simted de Dourados com a federação?
Gleice Barbosa: O Simted é filiado a Federação e nós somos todos trabalhadores, temos uma boa relação. A Fetems esteve em assembleias e em manifestações, o presidente esteve aí e apoiou a luta da educação. As disputas internas não são maiores do que a luta pela educação, a gente tem tido tranquilidade para fazer estas disputas.
Ddos News: Em relação à paralisação no município, ela tem ‘data de validade’ para os educadores?
Gleice Barbosa: Nós iniciamos a greve na terça-feira (15) e aguardamos que o prefeito vá conseguir avançar um pouco mais, o que a categoria quer não é nada de mais para o prefeito, ele tem condições total de resolver este problema hoje se ele quiser, não tem mais porque continuar adiando, o que nós queremos é um projeto de lei que vai ser aplicado até 2019, não é algo para este ano.
O governo chegou num limite prudencial em dezembro do ano passado, ele deveria ter tomado providências no primeiro quadrimestre deste ano, então nos primeiros quatro meses ele deveria ter cortado os cargos de confiança, teria que ter reduzido folha de pagamento. A legislação deixa clara o que primeiro tem que ser cortados, os cargos de confiança, depois os contratados e no último momento se não conseguir resolver os problemas ele pode demitir os servidores efetivos.
O governo no ano passado estava nesta situação e ele iniciou o ano, ao invés de demitir os cargos comissionados ele aumentou a gratificação dos cargos comissionados, aumentou o número de cargos comissionados e ele tinha que reduzir o valor gasto com pessoal, mas ele aumentou. Então nós chegamos no segundo quadrimestre ultrapassando o limite, as providências que ele deveria ter tomado no primeiro ele não tomou e hoje servidores estão pagando a dívida do prefeito.
Essa crise toda instalada hoje é por conta deste limite prudencial e neste período ele mexeu com plano de cargos e carreiras, deu condições melhores de salário para algumas categorias. A gente entende que todo o servidor tem que ser valorizado e que é necessário a mudança no programa de cargos e carreiras, mas não dá para ajudar uns e não ajudar outros, não dá para resolver a vida de alguns e deixar a grande massa de servidores desassistida como ele fez agora. Hoje ele tem cobrado dos servidores um valor que quem deveria estar pagando é a administração – ele não deu reajuste para os servidores, cortou a hora extra do pessoal da saúde. A única providência que ele tomou para chegar ao limite prudencial foi o corte na saúde e quem sofre com isso é o usuário, ele cortou as horas extras e o auxílio transporte do pessoal que trabalha no campo, ele vai ter que pagar do próprio bolso para trabalhar.
Vivemos uma situação em que quem está pagando os adicionais com os cargos comissionados são os servidores efetivos.
Ddos News: Para finalizar, quais as próximas ações para a negociação com a administração municipal?
Gleice Barbosa: * Mesmo estando em greve, nós continuamos conversando com o governo, porque a greve não é o final de uma negociação, a greve é outro momento de diálogo. Neste momento a gente passa a debater com a sociedade sobre a situação que temos vivenciado na educação, em todo o serviço público, porque não é só a educação que está nesta crise e continuamos o debate com o prefeito.*
Publicado em: http://www.douradosnews.com.br/dourados/entrevista-educacao-simted
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