José Pedro Ferreira nasceu em 13 de dezembro de 1913, contudo seus registros documentam três meses antes - Foto: Ademir Almeida
“A vida é assim, minha filha, a gente tem que curtir”, foi com estas palavras que o centenário, José Pedro Ferreira, finalizou a entrevista concedida ao Dourados News.
Ele nasceu às 5h da manhã, do domingo, de 13 de dezembro de 1913 e na última sexta-feira completou 100 anos de idade.
Para manter a forma aos 100, ‘seu’ José se alimenta de sete latas se flocos de cereais por mês, toma vinho todos os dias na hora do almoço e não perde a oportunidade de dançar.
"Aprendi a andar no mundo, eu sei andar no mundo de ponta a ponta", disse José Pedro Ferreira - Foto: Ademir Almeida
O aposentado tem 13 filhos e tantos netos, bisnetos e tataranetos que já perdeu as contas. Mas sua história
começa em Pernambuco, na cidade de Araripina, onde nasceu.
Aos 18 anos, sua mãe, viúva, decidiu tentar a vida em São Paulo. Lá, o jovem José Pedro aprendeu a trabalhar com café – inclusive embarcando para Santos -, conheceu muitos imigrantes italianos, japoneses, turcos e outros que chegavam ao Brasil na época; e também trabalhou cuidando de uma fazenda em Lavínia.
Nas horas de folga aprendeu a jogar futebol para poder ter entrada gratuita aos domingos no clube de dança.
Também apareceu uma moça, Libana dos Santos, com quem foi casado por cerca de 40 anos e depois que esta morreu casou-se com uma senhora que conheceu na Fazenda Itamarati, na região de Ponta Porã, contudo esta também já faleceu.
Porém, antes de sair do Nordeste, deixou uma pretendente acertada para casório, mas como sua mãe não quis voltar para lá e ele já tinha arrumado casamento em São Paulo, mandou uma carta para Raimunda Santana.
“Quando eu fui casar veio um primo para ser padrinho e quando ele foi embora levou uma carta para a moça para ela casar, porque eu já tinha casado com outra”, lembrou.
Por volta de 1950 veio visitar a região de Fátima do Sul e anos mais tarde resolveu mudar-se com a família para o Estado.
“Eu não tenho estudo nenhum. Sei contar, sei dividir, sei fazer tudo, mas não sei ler. Fui casar logo, de repente ao invés de ir estudar coloquei os filhos na frente. Aí fui trabalhar para cuidar dos filhos”, lembrou o centenário - que tem ótima memória - Foto: Ademir Almeida |
“Quando passei por Dourados não tinha nada, só uns ranchinhos
de sapé aí na linha, na Marcelino Pires, não tinha rodoviária, não tinha
nada. Foi o presidente Getúlio Vargas que cortou tudo isso aqui, porque
isso aqui era largado. Agora está bom, a cidade está bonita, grande”,
afirmou.
Aos cem anos o entrevistado diz algumas vezes que para contar sua história inteira precisaria de pelo menos uma semana, afinal pressa para quê?
A vida é a assim: meter o pé para adiante, pedir para Deus proteção e pedir proteção para o povo bom que gosta da gente.
— José Pedro Ferreira
O tataravô aprendeu muito durante seu um século de vida e enfatiza que andou muito pelo mundo e “o melhor para a pessoa é saber viver bem com os outros”.
“A vida é a assim: meter o pé para adiante, pedir para Deus proteção e pedir proteção para o povo bom que gosta da gente. O importante é Deus, porque muita gente não se lembra nem de Deus, pois está cheia de dinheiro, acha que o dinheiro vai sarar ele. Só pensa em coisa boa para ele, tem que pensar em bondades para os outros também! Isso aí faz parte de Deus, a pessoa que só quer para ela é egoísta. Eu falo para muita gente, para esse povo novo - mas fazem que não estão nem escutando - e é gente de estudo fino. Como é que estuda tanto e não estuda as coisas que são boas? Porque tem que estudar o que é bom, o que Deus deixou para nós: cuidar um do outro, para viver que nem gente, porque nós somos todos filhos de Deus, mas temos que cuidar um do outro também”, aconselhou.
Na festa de 100 anos comemorada no dia 13 - Foto: Álbum de família
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